2007/08/12

Sinal e ruído

A discussão que o post Sinais gerou suscita-me mais esta pequena achega.
Ontem os jornais noticiavam que Luís Filipe Menezes se declarou indignado com
os insultos de que tem sido alvo ao longo da campanha para as eleições no PSD. Não faltam exemplos deste tipo de práticas. É difícil esquecer a imagem do que nesta matéria se passou não tão há tanto tempo assim, em congressos partidários. É difícil esquecer comentários e declarações instituicionais de responsáveis políticos e do Estado. É difícil esquecer o que se passa por aí, na prática de tantas autarquias, na AR e noutras instituições públicas e privadas, nas ilhas e no continente. Para os portugueses o confronto natural de ideias e de interesses passa com frequência inadmissível pelo insulto e pela pesporrência.
As instituições, que são constituídas por pessoas, limitam-se a espelhar tudo isto. Não é este governo, não são estes dirigentes de organismos públicos, nem são estes partidos os culpados. São os portugueses que fazem gala em exibir um comportamento troglodita e isso reflete-se depois nos seus comportamentos intitucionais e pessoais, públicos ou privados.
Neste capítulo, não há sinais. Há ruído!
Por isso, em meu entender, temos de apreciar determinados acontecimentos com cautela e distância. Não devia ser grande motivo de admiração o facto de alguém reagir ao insulto, à pesporrência ou, em geral, à falta de educação. Mas, curiosamente é.
Ontem, dizia eu, ouvimos Menezes a manifestar a sua tristeza com os insultos de que tem sido alvo. Hoje ficamos a saber que um romeno que ia a pé pela A8 foi sucessivamente atrolepado por vários automobilistas, que não pararam. O alerta foi, finalmente, dado por uma condutora que embateu no corpo já sem vida e parou. De troglodita a assassino vai um pequeno passo.
Por mim, assisto a tudo o que se vai passando à minha volta com grande desconfiança, estabelecendo nexos de causalidade, quiçá abusivos, admito-o. Tenho porém crescente dificuldade em separar o sinal do ruído...