2009/10/31

Famílias

A gente ouve o primeiro ministro insistir num arranjinho para a partilha dos lugares europeus resultantes da aplicação do Tratado de Lisboa entre as duas principais "famílias" políticas europeias, toma conhecimento dos escândalos de corrupção que envolvem figuras da "família" socialista e fica a pensar se será a isto que se referem os moralistas contemporâneos quando falam na "crise da família"... Ou serão estas as "novas famílias" de que falam psiquiatras, psicólogos e sociólogos?

2009/10/29

Van Zeller para a Agência de Inovação, já!

O presidente da CIP insiste... Agora vem pedir contenção, sem que aparentemente ele próprio se consiga conter. Opõe-se às propostas dos sindicatos que pedem um aumento de 25 euros (vinte cinco euros!) no salário mínimo nacional, o presidente da CIP e acha duas coisas. Por um lado, que vinte cinco euros não vão resolver a vida dos aumentados porque se trataria de um aumento ridículo. Diz mesmo que os sindicatos deveriam pedir mais. Mas, por outro lado, lá vai dizendo que a concretizar-se um aumento desta natureza, ele iria significar a falência de uma série de empresas que não aguentariam este perturbador acréscimo de responsabilidades.
Para o patrão da CIP, 25 euros é ridículo como aumento, embora seja um encargo substancial para as empresas. Aumentos só no quadro de um grande plano, a longo prazo e com a ajuda do Estado, claro. Um plano que se situa num futuro indefinido e certamente longínquo (não vá a malta ficar rica de repente e não saber o que fazer ao dinheiro...)
"Muitos milhares de empresas dependem de salários baixos", para exportar e portanto o aumento de encargos acarretaria, no curto prazo, o descalabro dessas empresas, argumenta. Para alguns analistas, o problema das exportações portuguesas é que não há "produto". Ou seja, é mau e não corresponde à procura. Para Van Zeller o futuro da economia portuguesa está garantido: "inovar" é manter os salários baixos, insistir no trabalho desqualificiado e produzir assim o produto mais rasca possível. O que as empresas têm de fazer é pois apostar na manutenção dos salários baixos, estagnar, conformar-se, abjurar a formação profissional, a qualificação e qualquer alteração deste quadro só poderá ser encarada no "futuro" e sempre com o auxílio do Estado, ou seja, com o alto patrocínio desses mesmos que já ganham mal. Um "futuro" de esperança aguarda-os, portanto.
Será que os empresários portugueses se revêem todos nestas posições? Será que estas propostas são tudo o que os empresários portugueses têm para oferecer à sociedade? Será que não conseguem parir mais nada do que isto para cumprir o seu desígnio social, ajudar a tirar o país da crise, tornar a sociedade portuguesa mais próspera, retomar a convergência com a Europa, transformar a economia portuguesa numa realidade mais dinâmica e competitiva, como muitos empresários e altos responsáveis políticos nos repetem ad nauseum ?

2009/10/27

Fernando em guerra com quem?

Este caso do pároco apanhado naquela embrulhada das armas é profundamente preocupante. O que fazia o padre com armas de guerra em casa? Por que razão um padre tem este arsenal? Por que razão um abaixo assinado com 300 assinaturas pedindo a substituição do padre, entregue ao bispo de Vila Real há 4 anos não obteve resposta? Por que razão o padre se mantém à frente da paróquia? Que dados terá o bispo para afirmar que acredita que o caso "não tem nada a ver com actos de terrorismo ou de tráfico de armas"? Se fosse "apenas" um "negócio de armas de caça para fornecimento de amigos", como sugere o bispo, como explicar as pistolas e os revólveres? Que justificação encontra a Igreja Católica para estas actividades do sacerdote?
A PJ não esclarece, tanto quanto se pode perceber, se haverá alguma ligação entre este caso e o outro que deu origem à operação de hoje mesmo, que levou à detenção de gente ligada a uma "rede de tráfico de armas". Rede "com dimensão internacional que no mercado interno se destinava ao crime violento e organizado". Mas, os mistérios e as meias palavras das autoridades civis e religiosas não são aceitáveis. O assunto é sério e tem de ser esclarecido cabalmente perante a opinião pública.
Da Conferência Episcopal, tão lesta e tão pródiga em comentários sobre tudo e mais alguma coisa, esperar-se-ia uma posição clara sobre as pistolas, revólveres, caçadeiras e munições do padre Guerra...