2010/02/27

Os anónimos e a irresponsabilidade ilimitada

Os comentários deixados neste blog foram sempre moderados por causa do eventual e desagradável spam. Com o uso do "captcha" o spam deixou de ser um problema. Mas, até hoje nenhum comentário dirigido ao blog deixou de ser publicado. Vamos continuar a publicar tudo. Mas, a partir de agora , para além de serem moderados, os comentadores passarão obrigatoriamente a ter de possuir uma identidade qualquer. Os comentários, seja qual for a sua natureza, continuarão a ser publicados como habitualmente, os comentadores até podem manter o "anonimato", mas será necessário ser um "anonimato conhecido".

Faço notar que o que muda é mesmo apenas o facto de qualquer comentador ter de possuir um identidade pública (do blogger ou do OpenID), visto que nós também a temos.

É uma questão institucional.

"Anónimo" não é identidade. É cobardia pura, para a qual não há pachorra. Não me atrapalha absolutamente nada ter comentários neste blog, não me chocam de todo as brejeirices, não me importa o vazio das apreciações ou os desvios do tema, nem mesmo os insultos me fazem cócegas. A prova é que, tendo nós o privilégio de aprovar ou não a publicação desses comentários e o privilégio até de, pura e simplesmente, não ter comentários, tudo o que é "anónimo" pôde sempre mandar, sem problemas, os seus recados aqui para o Face.

Mas, a partir de agora, quem o quiser fazer vai ter de assumir a sua responsabilidade, perante nós e os outros leitores do Face.

É a nossa prerrogativa e um dever que temos para com esses leitores que fazem o favor de comentar, mas não se escondem num pretenso anonimato, de forma cobarde. Pela nossa parte, sabemos desde sempre qual a origem dos comentários "anónimos", se vêm da margem sul ou da margem norte, deste ou daquele servidor, mas a partir de agora acaba o anonimato. Esperamos os vossos comentários e pedimos desculpa pelo eventual incómodo.

2010/02/26

L'Omertà

Os depoimentos das testemunhas convidadas para participar nesta mega-audição, em que se transformou a Comissão de Ética, corroboram grosso modo as posições já conhecidas dos principais intervenientes - jornalistas, empresários e políticos - que reafirmam (ou negam), interferências do governo em orgãos de comunicação social. Depois de prestações nada prestigiantes de jornalistas com alguma reputação, como Mário Crespo e Felícia Cabrita, o director do "Expresso", Henrique Monteiro, foi o primeiro que, de forma explícita, confirmou ter recebido um telefonema do primeiro-ministro a pressioná-lo para não publicar notícias sobre a sua licenciatura. Monteiro acrescentaria que, as pressões, existem sempre, mas são normalmente feitas à "posteriori" (como o BES ter retirado a publicidade do jornal), mas esta foi a primeira vez que a pressão foi feita antes do próprio artigo ter saído.
Já da parte dos principais visados na tentativa de compra da TVI pela PT - Vara, Penedos e Rui Soares - as declarações primaram pela unanimidade. Ou melhor, todos, sem excepção, recusaram responder a perguntas em "segredo de justiça". Um aparente contrasenso já que, diariamente, diversos orgãos da comunicação social (CM, Público, SOL, Expresso, etc.) publicam extensos excertos das conversas telefónicas tidas entre estas três personagens, sem que o seu conteúdo tenha sido desmentido. Ou seja, na "forma", eles têm razão (o segredo de justiça está a ser quebrado, o que é ilegal), ainda que os "conteúdos" sejam verdadeiros e falem por si. Compreende-se, como nos filmes, tudo o que os arguidos disserem pode ser usado contra eles. Nesses casos, vale mais prevenir do que remediar. Nada como a célebre "Lei do Silêncio".

2010/02/22

Derrocada

O donatário da Madeira mostrou mais uma vez do que é capaz. À falta de matéria substantiva a propósito do que ali se passou e perante a ausência de explicações sobre a razão pela qual tanta coisa, que poderia ter amenizado a catástrofe, falhou de modo tão grosseiro e evidente, apressou-se logo a apelar a um inconcebível silêncio noticioso sobre a região, porque, não-sei-quê, a "economia" era muito dependente do exterior, e, blá-blá-blá, os "mercados", etc e tal...
O apelo era, em si, já perfeitamente patético e bastante estranho para um Presidente do Governo Regional, mas um simples gesto do Cristiano Ronaldo no jogo de ontem, depois de marcar ao Villareal, veio deitar mais por terra e contrariar totalmente o donatário, deixando-o ainda em piores lençóis.
Ninguém, ninguém!, vai esquecer que Jardim manda, omnipotente, na Madeira desde 1978 e que teve, portanto, no âmbito da sua esfera de responsabilidade, tempo suficiente para fazer pela região autónoma algo mais.
As falhas do governo regional estão à vista de todos. Que caia com grande estrondo!

(foto AP)