2012/03/24

Exige-se esclarecimento

Agentes provocadores terão estado, segundo o grupo Anonymous Legion Portugal, na origem dos confrontos que se verificaram ontem entre os membros da Plataforma 15 de Outubro e a polícia.
Este assunto exige total esclarecimento e apuramento de responsabilidades e deve ser levado até às derradeiras consequências (ver aqui mais pormenores).
O que é que andam a fazer as forças de "segurança" deste país?



2012/03/21

Hoje mais do que nunca...


A poesía está por todo o lado, como muito bem declarou Maria Helena Vieira da Silva. Nos dias que correm muita gente parece bloqueada, dando, por vezes, a ideia que esqueceu esta verdade singela. A narrativa oficial contribui, estabelecendo uma espécie de censura que a impede de perceber e tomar como seu este facto. Mas, a poesia está de facto na rua e, como digo no título, hoje, mais do que nunca, é preciso (re)descobri-la. É um verdadeiro acto de resistência (re)descobri-la. E hoje, —diria também, mais do que nunca— é tão poeta aquele que faz poesia como aquele que tem coragem, que é capaz de a (re)descobrir. Façamos jus à ideia de que Portugal é um país de poetas.

Tonino Guerra (1920-2012)

2012/03/19

iPide

No Zimbabué, um tribunal prepara-se para ditar sentença num caso de seis cidadãos apanhados a ver vídeos sobre a chamada "primavera árabe". No país de Mugabe, esse grande democrata, é assim. E não há nada como alterar o curso das estações antes que seja tarde. Primaveras, no Zimbabué, nem em video.
E em Portugal, país do primeiro mundo, onde não há medo, a informação circula livre, cada um exprime opiniões e relata factos sem receio de represálias e os meios e as redes de comunicação não estão nas mãos de uma mão cheia de bandalhos, os mesmos que são donos dos cabedais, ditam as leis, dominam o comércio e cobram o imposto, como é em Portugal?
Portugal é pior que o Zimbabué.
Este caso dos seis do Zimbabué parece brincadeira quando se pensa no caso de Rui Cruz. Ao pé disto Mugabe passa por virtuoso. Não se consegue perceber que crime poderá ter o autor do TugaLeaks cometido para ser considerado arguido pela justiça (assim mesmo, com letra minúscula, como minúsculo é o respeito que, cada vez mais, me merecem as instituições oficiais deste país de opereta). Aliás, ele, pelos vistos, também não.
O TugaLeaks, criado por Rui Cruz, terá divulgado acções de supostos hackers que, segundo consta, terão alterado conteúdos de sites institucionais, suficientemente desprotegidos para que isso fosse possível. Divulgou também, segundo parece, dois ficheiros de dados pessoais de agentes da PSP retirados, um, de um servidor governamental e, outro, do computador de um sindicato, ambos, pelos vistos, também totalmente vulneráveis.
Em vez de ouvir a mensagem, as instituições oficiais atiram ao mensageiro. E a mensagem é, afinal, simples: a segurança informática em Portugal é uma treta! Entrar num site e colocar lá uma qualquer mensagem provocatória não revela grandes dotes e parece até pueril. Mas, quem garante, perante o amadorismo que todo este foclore revela, de um lado e de outro, que os servidores a sério, da justiça, das finanças, das câmaras, etc, não são igualmente vulneráveis? E que estes ou outros hackers, menos brincalhões e talvez ligados a outros interesses menos românticos, não dispõem de artilharia mais pesada e via aberta para atingirem outros alvos mais importantes? Querem ver que esta acção contra Rui Cruz não passa de uma manobra para esconder questões mais sérias?
Uma coisa é certa: o comportamento e os métodos usados pela justiça, neste caso, trazem-nos à memória dias que julgávamos passados. Para muita gente neste país, não parece ter servido para grande coisa a instauração do regime democrático.