2012/06/16

Tranquilidade

O PCP anunciou a apresentação de uma moção de censura ao governo. O BE mete o ponto morto e diz que tem de ver o texto primeiro. O Seguro do PS proclama, em estranho dueto com o PR, deus nos livre!, uma crise política agora, esquecendo-se que é, ele próprio, a crise política! O mesmo PC que apresenta esta moção —que estaria sempre derrotada à partida—, invocando a favor dela, com toda a justiça, o seu carácter simbólico e a necessidade de marcar uma posição face ao bombardeamento em curso contra o povo português, não se coibiu, ele próprio, no passado de criticar iniciativas de índole semelhante com o argumento que... estavam  derrotadas à partida.
Fragilizada, atomizada, incoerente, oportunista, preconceituosa e pífia, assim vai a esquerda portuguesa, certamente para grande gáudio da direita, desta direita reles e nauseabunda que governa e atrofia o grande País que é Portugal.
A direita não resolve os problemas do país com as suas soluções. Vê-se, sente-se. É fácil provar. Mas também a esquerda, que tem nela própria as armas para o fazer, reage desta forma patética e rasteira perante a necessidade de se mobilizar e de constituir uma frente unida. Num País a necessitar de uma solução de esquerda e de pão para a boca!
Não admira pois que o primeiro primeiro ministro estagiário que tivemos desde o 25 de Abril declare que está tranquilo...

2012/06/11

Não chega!

Aqui há tempos Manuela Ferreira Leite sugeriu, como é sabido, a "suspensão da democracia" como forma de resolver os problemas do país. Agora Rui Rio vem sugerir, por sua vez, que nos municípios com dívidas a democracia também seja suspensa e sejam nomeadas "comissões administrativas" para substituir o processo democrático.
Se formos rigorosos na nossa análise, nada disto surpreende. Não vou, pois, lembrar o passado destas criaturas, nem usar o argumento de que os problemas (reais e causados em grande parte por eles, gente como esta ou gente que eles poderiam ter controlado em tempo oportuno,) que levam estes grandes pensadores políticos a sugerir a "suspensão" da democracia, são ditados justamente pela falta de democracia ou por um exercício deficiente de democracia, que devia ter sido há muito corrigido. Nem tão pouco direi que, para resolver os problemas do país, é minha forte convicção que se deveria ter mais democracia, não menos. Nem sequer usarei o argumento que os democratas, sobretudo os que exercem funções de serviço público e são para isso pagos, têm a obrigação de contribuir para melhorar o regime, não sugerir a sua subversão. Não vale a pena lembrar nada disto.
O que me parece porém verdadeiramente surpreendente é olhar para a acção deste governo em que o PSD manda, ver o caos em que fez cair o país, ver os métodos e os ataques constantes à democracia que são praticados, as malfeitorias que diariamente nos são feitas, ver o perigo iminente em que, na prática, a democracia está e verificar que os referidos personagens, advogados da subversão do regime, se encontram no grupo dos críticos desta acção!
Pelos vistos este atropelo diário à democracia ainda não chega...