2013/07/01

Foi-se embora o mau polícia, ficou a boa polícia


Desenganem-se aqueles que pensam que, com a saída de Victor Gaspar do governo, a austeridade e os ataques ao estado social em Portugal vão diminuir.
Ainda que a saída de Gaspar não tenha sido propriamente uma surpresa, pois já era falada desde Outubro de 2012, a verdade é que daí para cá o ex-ministro nunca se coibiu de aplicar sistematicamente a estratégia previamente delineada com a Troika, de quem ele era o representante oficioso em Portugal.
Nunca, como nos últimos dois anos, a população portuguesa foi submetida a tal provação e, se houve um rosto que personalizava a politica fundamentalista dos neoliberais que governam Portugal, esse rosto era o de Gaspar, ele mesmo um quadro do Banco Central Europeu em comissão de serviço.
A sua substituição pela Secretária do Estado do Tesouro que o acompanhava na teoria e na prática desta politica, ainda que lógica na forma (afinal ela conhece bem os “dossiers” e é conhecida dos seus pares em Bruxelas), encerra em si vários perigos: para o governo o facto de Maria Albuquerque estar comprometida com a mal explicada trapalhada dos “swaps”, que podem custar ao erário público a módica quantia de 1000 milhões de euros: para os portugueses, a ilusão de que esta ministra (que goza de um estatuto de rigor e conseguiu alguns êxitos, como a privatização da ANA) possa inverter a marcha dos acontecimentos e deixe alguma folga nesta austeridade sem resultados.
Nada de essencial vai mudar e, com ou sem Gaspar, a politica da Troika continuará a ser aplicada em Portugal, pois essa é a receita delineada em Bruxelas, Washington e Berlim, as verdadeiras capitais de Portugal.
Saiu o mau policia, para dar lugar a uma policia só aparentemente melhor, segundo a velha máxima de Lampedusa: “é preciso que algo mude, para que tudo fique na mesma”.

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