2013/08/23

A Cinemateca não pode fechar!



Nem no tempo da ditadura, a Cinemateca fechou. É verdade que o seu director à época (Luís de Pina), assim como parte significativa dos seus colaboradores (António Lopes Ribeiro, por exemplo) eram declarados apoiantes do Estado Novo, para não dizer fascistas assumidos, o que facilitava a colaboração.
No entanto, isso não impediu que a Cinemateca Portuguesa fosse uma instituição considerada e respeitada no estrangeiro, com um espólio onde já havia clássicos como “Potemkin”, “A Mãe”, “Outubro” (e tantos outros filmes vedados ao espectador comum), que podíamos ver nas suas salas. Após o 25 de Abril, a “casa” passou por várias remodelações e direcções, das quais, a mais longa e significativa, seria a de Bénard da Costa. Com todas as suas vicissitudes e constrangimentos (nomeadamente orçamentais) a Cinemateca sempre cumpriu os pressupostos de qualquer cinemateca: guardar e mostrar o espólio dos filmes à sua guarda.
Com a passagem da Cinemateca a Museu de Cinema, e implícita inclusão da instituição na rede dos museus nacionais tutelados pelo estado, maior se tornou a responsabilidade deste em relação à missão principal de um Museu.
Não se percebe, por exemplo, que as receitas da Cinemateca dependam de uma percentagem de 4% de publicidade nos cinemas (ver entrevista da directora no “Público” de quarta-feira), quando se sabe à partida que os cinemas tendem a fechar e as receitas a diminuir. Logo, o Estado, através do respectivo orçamento, deve providenciar no sentido de criar um subsídio estrutural que garanta o seu funcionamento. É assim em todos os países desenvolvidos e deve ser assim em Portugal.
Um pais que não cuida da sua memória (seja ela cinematográfica ou outra) não tem futuro.