2014/01/27

As praxes, essa aberração

Seis semanas após as trágicas mortes do Meco, pouco se sabe de concreto sobre o que levou sete jovens estudantes, trajados a rigor, naquela noite e àquela hora, para a beira de um mar em fúria.
Também ninguém percebe porque, passado todo este tempo, a polícia não tenha sido mais lesta na procura das causas e das provas que possam estar por detrás de tão macabra encenação. Entretanto, o único sobrevivente, continua aparentemente em "estado de choque" e ninguém, para além dos familiares, parece estar muito interessado em esclarecer tal mistério. Porque as conclusões tardam, não faltam especulações.
As redacções, sempre ávidas de sangue, lá foram ao local do crime, tentar reconstituir o "puzzle". Tivemos de tudo, nas últimas semanas: os vizinhos que viram e não falam (?), os que viram e falam pelos cotovelos, a encarregada da limpeza com honras de "prime time", os psiquiatras de serviço para explicar os "bloqueios emocionais" do sobrevivente, os colegas do curso fechados numa estúpida "omertá" que a ninguém pode ajudar, os responsáveis da Lusófona cúmplices na impotência de instituições que nunca tiveram a coragem de proibir tais anormalidades e a opinião pública completamente atordoada perante esta nova realidade.
Alguma coisa está errada numa sociedade que, pesem algumas excepções, permite e estimula comportamentos indignos de relações e ritos de iniciação que se querem fraternos e colegiais.
Se o que aconteceu há seis semanas, não servir para mudar radicalmente a mentalidade dos responsáveis políticos, universitários e educadores (a elite!) por tal absurdo, receio bem que tenhamos entrado definitivamente na idade de trevas que a actual crise prenunciava. O que se seguirá, agora?  

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