2014/09/02

Take Another Plane

A acreditar nos responsáveis da TAP, as notícias sobre avarias mecânicas que nos últimos tempos têm surgido na comunicação social, são francamente exageradas. Talvez. A verdade é que, nos últimos dois meses, foram noticiados dez incidentes com aviões da companhia que, até há bem pouco tempo, era tida como uma das mais seguras do Mundo. De resto, as estatísticas não mentem: a transportadora nacional teve apenas em acidente de grandes dimensões em toda a sua história e, por alguma razão, muitas companhias de aviação continuam a fazer a manutenção dos seus aviões em Lisboa.
Acontece que, de há anos a esta parte, a TAP - a exemplo de outras companhias de bandeira - se viu confrontada com as crises de crescimento inerentes à própria industria: se por um lado aumentou o número de rotas e dessa forma ganhou novas clientelas, por outro foi obrigada a modernizar a frota e dessa forma aumentar o passivo que, numa área de transportes cada vez mais competitiva, acabaria por levar à integração da companhia numa "aliança" internacional, como forma de evitar a privatização da mesma e de resistir ao aparecimento das companhias "low-cost", cada vez mais utilizadas por diferentes segmentos da população. Se a esta situação,  acrescentarmos a crescente insatisfação do pessoal de bordo (pilotos e hospedeiras) que nos últimos anos têm trocado a companhia portuguesa por outras companhias internacionais, bem mais interessantes em termos económicos, está explicada parte da actual crise. As exigências da troika relativamente às privatizações acelerou este processo e a venda da companhia a um magnate colombiano esteve por um triz. De resto, o processo foi apenas adiado e nada garante que no próximo ano o mesmo colombiano não volte à carga, como o próprio referiu em recente entrevista.
Também é muito possível que todas estas avarias sejam normais, e sempre tenham existido, como nos fazem crer os relações públicas da companhia. Mas, então, porque é que nunca ouvíamos falar delas e agora surgem todas as semanas nos mais variados voos? Terá a ver com uma frota reduzida e sobreutilizada, devido à falta de aviões; ou com uma "estratégia" de desvalorização da companhia com vista à sua venda pelo melhor preço? Esta é a questão levantada por muito boa gente.
Seja o que fôr, aqui fica uma sugestão aos utilizadores frequentes (como eu), que prezam a sua vida: caso se mantenham os acidentes, reportados nos últimos meses, não se acanhem, pois podem sempre levar à prática a sugestão implícita no acrónimo da companhia: tomem outro avião...

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