2015/10/15

Os dados estão lançados?



Semana e meia após as eleições e apurados que estão os votos da emigração (4 deputados) sabemos, finalmente, como vai ser constituída a nova Assembleia da República:
Coligação PàF (PSD/CDS) 107 mandatos, correspondentes a 38,4% dos votos.
Esquerda Parlamentar (PS/BE/CDU/PAN) 123 mandatos, correspondentes a 52,16% dos votos.
Ou seja, a coligação PàF ganhou as eleições por ter sido o partido mais votado, mas arrisca-se a não poder governar, a menos que o presidente da república nomeie Passos Coelho para formar um governo minoritário; enquanto a esquerda parlamentar, apesar de ter a maioria dos votos, só poderá governar, caso os partidos que a compõem cheguem a um acordo programático e sejam convidados a formar governo pelo presidente da república.
Cenários:
1) Cavaco Silva convida Passos Coelho a formar governo (minoritário), sabendo de antemão que este terá pouco tempo de vida e que, muito provavelmente, cairá na próxima legislatura, obrigando a novas eleições, a menos que os votos da ala direita do PS viabilizem o OE.
2) Cavaco convida António Costa a formar governo (maioritário), com apoio dos partidos de esquerda, mas com a vida dificultada pelas pressões internas da ala direita do PS e das pressões externas da Europa.
Em qualquer dos cenários, a decisão está nas mãos do presidente que, em fim de mandato, deixará sempre para o seu sucessor o ónus da dissolução do parlamento e a convocação de novas eleições.  Vaticínio: sabendo não ser possível um governo de "inspiração presidencial" (leia-se "bloco central")  e sendo conhecidas as suas inclinações partidárias, fácil é concluir qual vai ser a escolha de Cavaco Silva:
a) Dificilmente nomeará um governo de esquerda
b) Provavelmente indigitará Passos Coelho como 1º ministro
c) Deixará a aprovação, ou o derrube do governo, nas mãos do parlamento. Dessa forma não trairá a direita (à qual pertence) e não será obrigado a dissolver o parlamento por já não ter poderes para tal. Essa missão caberá, daqui a seis meses, ao próximo presidente da república. Por essa altura, Cavaco, de consciência tranquila, estará provavelmente a gozar a sua reforma.
Who cares?