2016/01/23

Reflexão

Ao contrário da opinião generalizada, os dados não estão lançados, mesmo quando os media portugueses levaram o "candidato da televisão" ao colo.
Num país pouco dado a mobilizações e onde as taxas de abstenção rondam os 50%, não será diferente desta vez.
As razões para que tal suceda são, de resto, conhecidas: iliteracia generalizada, ignorância profunda sobre os verdadeiros problemas do país, admiração bacoca pelos símbolos do entretenimento a que temos direito e medo, "muito medo", do desconhecido. Ora, como bem sabemos, os povos (os portugueses não são excepção) são conservadores por natureza. Preferem votar no que já conhecem, a votarem na mudança. É natural. Há quem lhe chame "instinto de sobrevivência".
Acontece que, no quadro actual das relações do poder em Portugal, não há muitas escolhas, ou alternativas, possíveis: ou se vota no "status quo" - o modelo experimentado em Portugal nos últimos quatro anos; ou se arrisca mudar o modelo, com todos os riscos daí inerentes. Não se trata, sequer, de alterar o regime, porque esse parece de pedra e cal.
Um primeiro passo, frágil e arriscado é certo, foi tentado em Novembro que, de tão recente, não permite (ainda) extrair conclusões apressadas. O caminho é estreito, mas os sinais estão lá. Assim consigam os gestores da coisa pública, levar este barco a bom porto e muita coisa poderá mudar. Para melhor, espera-se.
Depois, há as presidenciais.
Ainda que não sejam eleições comparáveis e, muito menos, possam ser consideradas uma 2ª volta das legislativas, a recente campanha permitiu esclarecer algumas coisas importantes:
Desde logo, a emergência de dois ou três nomes, não totalmente desconhecidos, cujas propostas deixaram antever uma nova forma de fazer política, diferente daquela experimentada até agora. Depois, a clarificação, no campo da esquerda, de quem estava (ou não) verdadeiramente interessado na mudança. Nesse sentido, o surgimento de duas correntes distintas dentro do PS, foi clarificador e, nesse sentido, benéfico. Finalmente, a comprovação, à direita, que não é necessário uma máquina partidária oleada para eleger um candidato, pois, com os principais jornais e canais televisivos a apoiar, até "sabonetes se vendem". Numa sociedade de consumo, a publicidade, compensa.
Amanhã, saberemos, quem ganha. Ou melhor: amanhã, saberemos se há segunda volta ou não.
Em qualquer dos casos, só dois candidatos poderão passar à fase seguinte: Marcelo e Nóvoa.
Porque hoje, é "dia de reflexão" (uma lei completamente desactualizada na era digital), abstenho-me de dar a minha opinião.
Porque penso, e espero, haver uma 2ª volta, deixo já explícito qual será o meu candidato nessa altura: Sampaio da Nóvoa.

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