2017/11/16

Diz-me como comunicas, dir-te-ei...


A CP disponibliza um serviço crucial para o país. Mais: se o caminho de ferro tivesse sido, desde sempre, a opção número UM em matéria de transportes, estaríamos hoje, certamente, muito melhor no que respeita à factura dos combustíveis, aos índices de poluição, à sinistralidade rodoviária, etc., etc.. Digo eu...
Apesar das gritantes deficiências no que à oferta diz respeito, hei-de sempre preferir o comboio para as minhas deslocações no país.
Não se percebe, pois, não sendo o caminho de ferro uma solução privilegiada para a  política de transporte do País e sendo tão limitada a oferta actual, que o que existe não seja de primeiríssima qualidade.
Explico: se tivéssemos milhares de comboios a circular diariamente, uma oferta massiva a toda a hora, mais horários, mais movimento e mais linhas, poderia compreender algumas falhas de qualidade, atrasos, etc.. Sendo a oferta tão limitada, dificilmente encontro explicação para que não tenhamos um serviço de luxo, dentro deste leque magrinho de opções  que é o nosso. Pelo menos isso: pouco, mas então (muito) bom.
Uma das áreas em que a CP falha de forma lamentável é no modo como comunica com o público. Se os maquinistas, por exemplo, conduzissem o comboio com o mesmo profissionalismo com que nos comunicam o nome da próxima estação ou o cuidado que temos de ter com a distância entre o comboio e a plataforma, nunca chegávamos ao destino. Não têm de ter treino de locutores profissionais, mas têm de haver um mínimo (mínimo!) de critério nisto da comunicação com os utentes.
Mas há pior!
Nos altifalantes da estação de Aveiro, ouvia eu, há poucos minutos, a informação sobre um determinado comboio regional. que estaria a circular com não sei quantos minutos de atraso. "Pedimos a VOSSA compreensão", dizia a voz do robot, "para OS INCÓMODOS CAUSADOS"...
Imagino que os passageiros afectados pelo atraso compreendam, sem qualquer dificuldade, os incómodos que o atraso lhes provocou. Já me custa, a mim, compreender por que razão a CP não pede na sua mensagem, claramente, desculpa, como é seu dever, pelo incómodo por eles causado, e que sugira, desta forma enviesada, aos passageiros afectados, que tentem compreender, eles, a natureza do seu próprio incómodo.
Não existe um serviço de relações públicas que ponha ordem nisto, escrevendo guiões claros e correctos, que possam ser simplesmente lidos pelas seus funcionários e cumpram, sem ambiguidades os deveres da empresa? Seria muito complicado ter um redator competente, a escrever, em Português de lei, as mensagens que têm de transmitir aos seus utentes? Não seria oportuno aproveitar para regravar estas sacudidelas da água do capote e dar uma imagem séria da empresa?
É uma sugestão que aqui fica. Grátis.

PS- veja-se este caso, contrastante, passado no Japão, de um comboio que saiu 20s antes da hora marcada...

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