2008/06/20

Memo

Definição: "O futebol é um desporto inventado por ingleses, que se joga com vinte e dois jogadores, onze de cada lado, um árbitro e uma bola e, no fim, ganha quase sempre a Alemanha".

2008/06/19

Questão de classe

Um dos comentários críticos mais chocantes que se ouve por aí ao "não" Irlandês é o daqueles que dizem que a Irlanda não pode sozinha parar a Europa. Não pode?!
Claro que pode, por dois motivos.
Em primeiro lugar, pode porque é um país soberano que está a usar os seus mecanismos constitucionais, totalmente legítimos. E depois, pôde porque os génios que conduziram esta questão do Tratado deixaram esta matéria entregue ao sólido e sempre traquilizador princípio do "logo-se-vê", como anteriormente escrevi.
Estranho conceito de democracia e ainda mais estranha forma de conduzir um processo sobre matéria que eles próprios consideram da maior importância.
E assim se vê de que massa são feitos estes políticos que conduzem a Europa. A justificar plenamente os reparos daqueles que, dizendo-se partidários da causa europeia, afirmam que falta classe à classe política que hoje domina na Europa.
Ceci n'est pas un "non"...

2008/06/18

A Europa vista de fora

A simples ideia de uma directiva para o repatriamento é uma verdadeira obscenidade, que deveria fazer corar de vergonha os seus autores, promotores e apoiantes. Vergonha é, pelos vistos, coisa que não abunda no Parlamento Europeu porque a dita directiva foi aprovada por larga maioria de eurodeputados. Milhares de anos de história do pensamento ocidental humanista deitados, assim, num ápice, por um bando de desavergonhados, para o lixo!
Razão tinha Mahatma Gandhi quando lhe perguntaram o que pensava da "civilização ocidental". "Era um boa ideia," terá ele respondido...

2008/06/15

O Plano B

Ainda os ecos do referendo irlandês não tinham desaparecido e já os mandarins de Bruxelas vinham a terreiro "ameaçar" a Irlanda da necessidade de rever a sua posição, pois este não era o resultado desejado... Se for necessário, devem convocar outro referendo até à obtenção do almejado "sim" e, com este, o consenso europeu. O raciocínio destes "iluminados" eurocratas é simples: 800.000 votantes, não podem estragar a "festa" de 490 milhões de cidadãos!
De facto, analisado à luz destes números, o "não" irlandês representa uma percentagem ínfima dos potenciais votantes da Europa a 27. Só que, nestas contas, os eurocratas esqueceram-se de um detalhe importante: em nenhum país da União Europeia os cidadãos puderam votar o Tratado, ao contrário da Irlanda, único membro da UE onde os tratados internacionais são sujeitos a referendo. E não é que a maioria dos irlandeses votou "não"? Como conciliar esta participação democrática com os desejos autocráticos do "directório" europeu? Esta a questão e a grande lição deste resultado. Que a própria constituição europeia, de resto, aceita no seu texto oficial.
Uma insolúvel contradição, que as grandes potências europeias (França e Alemanha á cabeça) não querem reconhecer. Por um lado desejam uma Europa unida; por outro, querem construí-la à revelia dos seus cidadãos. É por estas pequenas-grandes coisas que a Noruega votou "não" à adesão, a Dinamarca votou "não" a Maastricht e a França e a Holanda, votaram "não" a Nice. Agora, foi a vez da Irlanda dizer "não" a Lisboa. Sócrates considerou o resultado uma "derrota pessoal"; o inefável Cavaco sugeriu que a Irlanda é a causadora do problema (?!) e como tal deve resolvê-lo; enquanto Durão Barroso, que tinha dito não haver Plano B, veio declarar que o Tratado está "vivo". Como não há plano B, há que "obrigar" a Irlanda a arranjar uma solução. Mesmo que esta seja contra a vontade dos seus cidadãos. Não ocorre ao "directório europeu" que o Tratado de Lisboa está hoje morto e enterrado, graças à participação democrática dos únicos europeus que puderam votar em consciência. Também por isso, obrigado Irlanda!