2008/10/11

The queen

Os socialistas não param de nos supreender. Agora é o director-geral do FMI, o socialista Dominique Strauss-Kahn que, a propósito da crise financeira, afirmava ontem que ela "é uma falha da supervisão, uma falha da regulação, uma falha na crença de que o mercado se pode regular autonomamente."
"A lição a tirar," acrescentou, "é que para fazer o mercado funcionar, teremos de ter mais Estado e mais poder público."
Mas, não é esta esquerda travesti não assumido, não é a esquerda das privatizações, não é o socialismo "moderno" e a social-democracia conservadora in drag, a primeira responsável por todo este clima de incerteza? Não é a esquerda transsexual, medrosa e mais papista que o Papa, que veste roupas do sexo político oposto às escondidas e se deslumbra secretamente com os "valores do mercado", esquecendo os seus valores primeiros, que capitulou e foi juntando os ingredientes da receita para o desastre?
Nos E.U., entretanto, o governo do senhor Bush prepara-se para "nacionalizar" mais uns bancos. O que virá a seguir? Vamos vê-los de punho erguido a cantar a Internacional?

2008/10/10

Nim

Alberto Martins (lider da bancada do PS):
"Sou intransigentemente a favor do casamento entre pessoas do mesmo sexo, mas voto contra". Ou seja, "voto contra, apesar de ser intransigentemente a favor do casamento entre pessoas do mesmo sexo".
Perceberam? Eu também não. Ou melhor, o PS no seu pior.

2008/10/05

"Foram todos na onda"

A intervenção do senhor presidente da CML na última edição do programa "Quadratura do Círculo" constituiu um momento particularmente infeliz.
Sou o autor da Petição sobre a Maria Keil, que 1) ao contrário do que afirmou o presidente da CML, 2) como se pode constatar pela sua simples leitura e 3) como fica, se as dúvidas continuarem a subsistir, definitivamente esclarecido pelo presente post, não é anónima. Sou, justamente, aquele que levantou esta onda toda atrás da qual foram aqueles milhares de pobres criaturas sem personalidade e volúveis que o presidente da CML referiu.
Devo dizer, antes de mais, que fiquei profundamente chocado com algumas afirmações que foram proferidas. Em particular, acho que o senhor presidente exagerou quando me apelidou de mentiroso e caluniador (foi isso que objectivamente disse; está gravado!). Quero crer que não seria essa a sua intenção, nem será esse o seu estilo normal... E quero ainda crer que se tivesse pensado no meu potencial voto o presidente da CML não me teria chamado mentiroso, nem caluniador. 
Mas, o que me interessa aqui, sobretudo, relevar são outros aspectos desta sua intervenção.
Pergunto-me por que raio de carga de água o presidente da CML "impôs" (a expressão é de Carlos Andrade) este assunto na agenda do referido programa? O assunto era com ele? Com o organismo a que preside? É matéria de alguma área do exercício governativo em que tenha tido responsabilidade? Ou, fruto de uma enorme apetência pelo submundo, será que o presidente da CML não terá querido, ele próprio, perder a onda? Mistérios que gostaríamos todos de desvendar...
Uma outra hipótese de justificação para esta intervenção canhestra e insultuosa: pode ser que a quantidade de assinantes da petição esteja próxima de um qualquer número mágico a partir do qual começam a soar os alarmes e é preciso agir...
A verdade é que perante a acutilância das acusações que nos fez, esperar-se-ia outra coisa que não aquele completo vácuo de ideias, aquela avalanche de clichés, aquela espantosa ligeireza, aquela desconcertante confusão técnica e aquelas imprecisões que ouvimos. O tema, os espectadores, o país merecem muito mais. 
De tudo isto fica apenas a prova de que o exercício da cidadania num país como Portugal, no quadro institucional que temos, é algo que continua a incomodar. Fica a ideia que o escrutínio dos cidadãos não suscita o esclarecimento dos escrutinados, gera antes escárneo e insulto. Fica finalmente a convicção que o uso da inteligência não é, afinal, para todos. No melhor pano, é certo, cai a nódoa. 
Uma certeza: saímos de tudo isto com a determinação reforçada em continuar a batalha pelo valor da cidadania. A determinação em não ir na onda, compreendem...?