2021/08/17

Afeganistão (here we go again...)

Não há inocentes nesta história. 

De um lado, um povo (o afegão) que sempre deu "porrada a quem passa" (para citar o Zeca, a propósito de outro povo conhecido...). Deu porrada nos macedónios do Grande Alexandre, nos ingleses (sempre bons na política de dividir para reinar), nos russos (nessa altura ainda eram soviéticos) e, como não podia deixar de ser - "noblesse oblige" - nos americanos, republicanos e democratas. Um fartote. 

Os actuais Talibãs, (criados nas madraças do Paquistão) sempre lá estiveram, mas só começaram a ganhar notoriedade depois de apoiarem Bin Laden que, de guerrilheiro Mujahidin (aquele que combatia pela Jihad) contra os russos, passou a ser terrorista contra os americanos. Em rigor, o Bin (saudita) não gostava nada da monarquia do seu país, que acusava de ser aliada dos Estados Unidos da América, a quem comprava armas, a troco de petróleo.

Apoiado pelos Talibãs, que entraram no Afeganistão e tomaram conta do poder nos anos noventa, o Bin criou o Al Qaeda e fez do Afeganistão a sua base. Isto, até ao 11 de Setembro, quando os americanos, como represália aos ataques às Torres Gémeas, decidiram bombardear e invadir o país. Destruídas as bases do Al Qaeda, os Talibãs recuaram estrategicamente para as montanhas (Tora-Bora) e para as fronteiras do Paquistão, onde continuaram a alimentar a guerrilha até aos dias de hoje. A partir daqui, a história é conhecida. 

Com a saída dos americanos e a confusão instalada, assistimos ao reescrever de mais um capítulo desta triste história. Os "senhores da guerra" voltaram ao palácio real para uma "fotografia de grupo" e esperam agora que o seu governo seja legitimado pelo Mundo Ocidental e outros países (Irão, Russia e China) que necessitam de ter acesso aos "pipe-lines" da região para exportarem o petróleo e o gás natural. Isto para não falar das célebres papoilas que, desfeitas em pó, provocam alucinações. Ou pesadelos.