2011/04/09

O medo de existir

Quarenta e sete "personalidades" da vida portuguesa vieram apelar a um "compromisso nacional " numa carta aberta publicada no Expresso. É uma salada de "personalidades", com tacões nos sapatos, alguns, para lhes dar a altura que lhes falta para apelar a um "compromisso nacional". Estão longe da dimensão necessária para fazer um apelo desta natureza.
Uns, raros, são inocentes, outros são culpados. Uns fazem parte do problema, outros são o problema. Outros finalmente nem fazem parte do problema, nem são problema, não são nada. Estão lá, como estarão amanhã na Gala da Caras. A misturada dá altura aos tacos de pia, mas denigre os valorosos.
O que me parece a mim é que isto é tudo gente que tem simplesmente medo que, chegados ao ponto a que chegámos, os injustiçados portugueses façam justiça pelas suas próprias mãos e vinguem as humilhações por que têm passado desde há tanto tempo...
É apenas de INJUSTIÇA que estamos a falar quando discutimos os problemas do País. O resto é poeira para os olhos.

2011/04/07

Banca portuguesa, patriotismo e solidariedade...

Para quem não tenha ainda notado, a banca é um negócio artificial baseado num conceito artificial: o dinheiro, uma mera convenção, um simples padrão criado para facilitar o nosso relacionamento uns com os outros e permitir uma mais simples troca dos produtos que cada um de nós produz ou necessita, tornado, ele próprio e de uma forma aberrante, "mercadoria". O negócio consiste em tomar o nosso dinheiro para nos proteger do risco de sermos roubados no meio da rua, serviço pelo qual nos é concedido o privilégio de sermos roubados dentro do banco. Vale tudo e os métodos vão dos mais descarados (como aquele que saca a certos pensionistas, que se vêem obrigados a receber as suas magríssimas pensões através de conta bancária, uma comissão para "manutenção" da conta) até às mais subtis.
É assim que enquanto um enorme coro de vozes de todos os sectores anunciava que depois do resgate vêm aí mais sacrifícios, mais impostos, cortes e contracções, a banca portuguesa ganhava hoje, um dia após o anúncio do pedido desse mesmo resgate, 350 milhões de euros.
Segundo o Económico, hoje na Bolsa de Lisboa o "sector da banca registou ganhos em redor de 5%, com o BPI a liderar e a acelerar 5,12% para 1,31 euros. Já o BES e o BCP ganharam 4,18% e 4,07%, respectivamente. Ambos os bancos estão entre os que mais subiram na Europa, segundo o índice da Bloomberg para o sector."
Entretanto, ainda segundoEconómico, os banqueiros rejeitam a afirmação de que "a recusa da banca em continuar a financiar o Estado português teria sido o factor decisivo para que Portugal endereçasse um pedido de ajuda Bruxelas" e de que os bancos viraram as costas ao governo.
Não se trata de virar ou não as costas ao "Governo", digo eu. Trata-se é de virar ou não as costas a PORTUGAL.
Patriotismo e sentido de comunidade são bons... para o Banco Alimentar.

2011/04/06

Confirmação

A alocução de José Sócrates, no telejormal desta noite, confirmou a notícia que toda a gente dava como certa, mas que o PM negava ser necessária. Confirmou-se o pedido de ajuda externa solicitado pelo governo português, ainda que os seus contornos não sejam totalmente claros. Trata-se do FMI, do FEEF ou de um empréstimo intercalar?
Agora que a "ajuda" se tornou inevitável, ainda menos se percebe porque foi esta medida sendo adiada. A menos que, conforme Manuel Carrilho ontem declarava na TVI, estejamos a assistir à "estratégia de Xerazade", que consistia em ir contando histórias ao rei como única forma de adiar a sua própria morte...