2023/04/24

O "25 de Abril", o Brasil, Lula e Chico

Após sete anos de interregno, Portugal e Brasil voltam a reencontrar-se no âmbito das Cimeiras Oficiais entre os dois países. A última Cimeira, que juntou o (então) presidente brasileiro Michel Temer e o primeiro-ministro português António Costa, teve lugar em Brasília no 1º dia de Novembro de 2016. Nessa Cimeira (a 12ª), foram acordados 5 protocolos de cooperação entre ambos os governos.

Desde então, as Cimeiras, destinadas a fortalecer os acordos de cooperação entre os dois países, foram interrompidas unilateralmente por Bolsonaro (2018-2022) e pela pandemia Covid (2020-2022). 

Lula da Silva, que ainda antes de tomar posse tinha anunciado retomar as Cimeiras, concretiza este objectivo na primeira visita que faz a um país europeu. Esta é uma boa notícia, que deve ser saudada por todas as forças democráticas portuguesas e brasileiras, interessadas em fortalecer a amizade entre os dois países e, dessa forma, contribuir para uma melhor cooperação bilateral, no campo político, social e económico. Era tempo do Brasil voltar à ribalta internacional, após os "anos de chumbo" da governação   Bolsonaro (um fascista assumido), que condenaram o país ao isolamento diplomático de um estado-pária.

Lula da Silva que, com todas as suas limitações e defeitos, é um político experimentado e reconhecido mundialmente, viu aqui a oportunidade de relançar o Brasil nos Fora internacionais (é a economia, estúpido!), iniciando de imediato um périplo mundial, que passou pelos EUA, pelos países do Mercosul, pela China e, agora, pela Península Ibérica.

Em Portugal, o presidente brasileiro assinou 13 acordos de cooperação, nas áreas das agências espaciais, de cinema e produções áudio-visuais, equivalências em estudos básicos e médios, equivalência de cartas de condução, produtos farmacêuticos, minérios, produtos industriais e agrícolas, e.o.

Antes de partir, porém, Lula da Silva assistirá ainda às cerimónias oficiais do 25 de Abril no Parlamento Português. Hoje, será o dia da entrega do Prémio Camões 2019, o mais alto galardão literário da língua portuguesa, ao músico e escritor Chico Buarque da Holanda. 

Para o Chico, um dos cantores da nossa vida, a singela homenagem na data que inspirou esta canção:

"Foi bonita a festa, pá/Fiquei contente/E inda guardo renitente/Um velho cravo para mim/Já murcharam tua festa, pá/Mas certamente/Esqueceram uma semente/Nalgum canto do jardim/Sei que há léguas a nos separar/Tanto mar, tanto mar/Sei também quanto é preciso, pá/Navegar, navegar/Canta a Primavera, pá/ Cá estou carente/Manda novamente/Um cheirinho de alecrim".

Obrigado Chico. O cravo não murchou. A semente está cá. O Fascismo não passará.