2011/12/06

Melancholia

Estreou recentemente em Portugal a última obra do cineasta dinamarquês Lars von Trier.
Autor de uma obra polémica ("Europa", "Breaking Waves", "The idiots", "Dancer in the Dark", "Dogville", "Antichrist"), von Trier ama-se ou odeia-se. Não há meio termo.
"Melancholia" não foge à regra. Há quem o considere uma obra-prima (mais uma!) e quem o ache um pretencioso pastelão.
O filme descreve a relação entre duas irmãs, algures num idílico castelo, que aguardam (com sentimentos contraditórios) a aproximação à Terra de um planeta desconhecido (Melancholia). A história divide-se em duas partes distintas: a primeira centrada em Justine, a irmã rebelde e sonhadora, que rompe com o noivo no próprio dia de casamento e se apaixona pelo planeta mistério; e a segunda, centrada em Claire, a irmã bem casada, pragmática e rica, que entra em pânico à medida que o choque do planeta com a Terra se torna inevitável.
Na semana de todas as decisões sobre a Europa, e quando a agência "Standard & Poors" acaba de alertar a zona Euro para a eventualidade de uma descida de notação de 15 dos seus membros (Alemanha e França incluídas!), não podemos deixar de pensar em "Melancholia", a metáfora perfeita para os tempos que correm.
Não sei se von Trier pensou na crise do sistema económico ocidental quando fez o filme. Uma coisa é certa: o pânico está instalado e não há ameias nem castelos que nos protegam do choque inevitável que nos atingirá a todos: da fraca Grécia, à poderosa Alemanha.