2012/02/13

Atenas já está a arder?

O acordo, a que chegaram ontem os principais partidos gregos, só aparentemente é um benefício para a Grécia. É verdade que o país vai receber 130 mil milhões de euros e, para já, evitar a bancarrota e permanecer na zona Euro. Mas, o reverso da medalha não é menos verdadeiro: novos aumentos de impostos, novas reduções de vencimentos, novas reduções de reformas e mais despedimentos que, só este ano, deverão atingir 15.000 funcionários públicos. O acordo prevê ainda um despedimento gradual de 150.000 funcionários, até 2015.
Curiosamente, no mesmo dia em que o parlamento grego discutia as medidas draconianas impostas pela Troika, o multimilionário norte-americano Soros (conhecido pela sua actividade especuladora na bolsa) declarava em entrevista que Merkel estava a conduzir a Europa por caminhos errados e, se a Grécia falisse, era o próprio projecto europeu que estaria em causa. Ora aqui está um homem que sabe do que fala...
Para além dos habituais protestos da rua, ontem particularmente violentos, devem ser registados os votos contra de 43 deputados do Pasok e da Nova Democracia, que recusaram apoiar as medidas preconizadas pelo governo. O acto valeu-lhes a expulsão dos respectivos partidos, mas deu mais força e razão aos protestos de um povo que chegou ao limite da resistência. Seguem-se novas eleições em Abril e, a acreditar nas sondagens, nada ficará como dantes. As forças mais à esquerda do parlamento ganham nas intenções de voto, o que pode significar a perda da influência dos partidos do centro (principais responsáveis pela crise actual) e um novo impasse político daqui a dois meses. Nada garante que a Grécia saia reforçada desta crise, o que aumentará o perigo de contaminação às economias mais fracas do Euro, no caso Portugal, Irlanda, Espanha e Itália. A Europa, ou o que dela resta, está avisada.