foto Natacha Cardoso/Dinheiro Vivo |
2012/10/06
“Luísa Trindade”
2012/10/05
De pernas para o ar
Eduardo Galeano escreveu um livro chamado "De Pernas para o Ar". O livro relata um mundo onde o vício é virtude e a virtude é algo a abater. Exemplos que podiam ilustrar adequadamente este livro de Galeano abundam em Portugal. Este aconteceu ainda hoje de manhã.
A imagem de Natacha Cardoso é brutal. Alguns dizem que é o retrato do País. Não é, é o retrato de Cavaco Silva. "Muitos portugueses vêem-se em situações de grande dificuldade. Situações que os seus pais nunca conheceram e que eles próprios nunca julgaram que viriam a atravessar," disse Cavaco no discurso do 5 de Outubro que decorreu hoje em cerimónia clandestina. O discurso é impróprio de um Presidente da República.
De um Presidente da República esperar-se-ia uma posição activa, preventiva, crítica, viril, contundente. Cavaco é passivo, reactivo, acrítico, piegas e balofo. Cavaco é o primeiro responsável por este estado de coisas, mas dele se esperaria agora —esperaríamos nós todos, os Portugueses de quem ele é Presidente— contributo decisivo e eficaz para não deixar arrastar este processo de apodrecimento que ele iniciou, de que se queixa, mas que teima em manter activo.
Já estamos há muito habituados à falta de sentido de Estado e de verdadeira dimensão política dos agentes políticos portugueses, ao rasteirismo da sua postura, ao oportunismo ou à falta de estamina da sua actuação. Mas, também nessa medida, é preciso dizer basta!
"Nestas alturas, há o risco de nos deixarmos abater pelo desânimo e pelo pessimismo. De sermos assaltados por sentimentos de medo e de frustração. De incerteza quanto ao nosso futuro e quanto ao futuro dos nossos filhos," acrescentou distraído o presidente, pouco depois de, ao som do Hino Nacional, ter erguido a bandeira de Portugal ao contrário. Um presidente de pernas para o ar.
2012/10/04
Querer e poder
Os analistas fizeram as contas e a conclusão parece ser unânime: o novo pacote, ontem anunciado pelo ministro Gaspar, mantém e agrava mesmo a desigualdade na divisão do esforço de recuperação da bagunça financeira do país.
O povo rejeitou a "solução" da TSU. Em resposta o governo apresenta um conjunto de medidas mais abrangente e ainda mais gravoso para a vida dos portugueses. A incoerência é manifesta, o embuste é total, a provocação é clara.
O povo tomou, entretanto, plena consciência de todas estas realidades. Colectivamente, algo fez "clique!" Não há retrocesso possível. O governo, porém, continua a agir como se o calendário marcasse ainda 14 de Setembro.
O povo não quer esta austeridade, o governo não quer outra austeridade. O conflito de interesses não oferece dúvida. O embate é inevitável.
Querer é poder, mas o poder reside e vai sempre residir no povo. Adivinhem quem é que vai então sair mal deste confronto...
O povo rejeitou a "solução" da TSU. Em resposta o governo apresenta um conjunto de medidas mais abrangente e ainda mais gravoso para a vida dos portugueses. A incoerência é manifesta, o embuste é total, a provocação é clara.
O povo tomou, entretanto, plena consciência de todas estas realidades. Colectivamente, algo fez "clique!" Não há retrocesso possível. O governo, porém, continua a agir como se o calendário marcasse ainda 14 de Setembro.
O povo não quer esta austeridade, o governo não quer outra austeridade. O conflito de interesses não oferece dúvida. O embate é inevitável.
Querer é poder, mas o poder reside e vai sempre residir no povo. Adivinhem quem é que vai então sair mal deste confronto...
2012/10/03
Esquerda e redenção
Essa consciência foi ganha no quadro do mais violento ataque feito contra o povo trabalhador português de que há memória, no meio de uma recessão sem precedentes, de um desemprego trágico, do esbulho inaudito dos rendimentos do trabalho e de uma tentativa reles de ataque aos direitos mais básicos do povo, incluindo o da liberdade de expressão.
Quando centenas de milhar de portugueses se movimentam nas ruas, quando o clamor atravessa e une gerações, hierarquias e género, e até derruba fronteiras sociais e políticas, antes julgadas intransponíveis, que resposta vemos nós do lado dos partidos da oposição?
O PCP e o BE, o mais que conseguem fazer, neste quadro de enorme revolta, agitação, angústia e expectativa por alternativas políticas credíveis, perante a arrogância indescritível do poder, é apresentarem juntos duas moções de censura separadas. Perante o quadro catastrófico e a necessidade reclamada por milhões de um sério esforço de união em torno de soluções verdadeiramente alternativas e eficazes para os problemas do país, o PS chuta para canto, e confirma-nos o papel que, por iniciativa própria, atribui ao troço "esquerdo" do arco do poder: malhar mais no bombo e juntar desastre ao desastre. Um verdadeiro escarro este PS.
Estão todos equivocados. O que o clamor popular e esta nova consciência revelam é que a maioria já percebeu perfeitamente ao que vêm os do poder, situem-se eles no arco ou nas órbitas. Já se percebeu a sinceridade das suas posições. E, não duvidem, vão ser castigados, eles também, duramente. Não me parece haver redenção possível.
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