2008/06/14

A "Laranja" está de volta!

Nada como uns dias passados na "Europa" para relativizar algumas paixões. Quem pensa que a alienação portuguesa pelo futebol é única, devia ir à Holanda durante o campeonato europeu. Uma verdadeira onda nacionalista varre o país, só comparável ao "dia da rainha", comemorado anualmente a 30 de Abril, quando a nação veste de laranja para, dessa forma, homenagear a casa real. Se a "febre" já fazia sentir-se antes do Europeu, com a vitória sobre a Itália a loucura tornou-se total. Não há cidade, bairro ou rua, que não tenha sido contagiado e, hoje, há prédios inteiros cobertos de bandeiras e balões das cores nacionais por todo o país.
Nos supermercados e em instituições oficiais, nos correios e nas câmaras municipais, o clima é de festa permanente e a entusiasmo é contagiante: os empregados ostentam grandes chapéus em forma de taça e as mulheres cachecóis de penas laranjas. Um verdadeiro carnaval. Só em Berna, onde a selecção holandesa tem jogado, estão cinquenta mil holandeses em permanência (a maior parte deles sem bilhete). Ontem, no regresso a casa, em companhia do ex-presidente Jorge Sampaio, os passageiros da KLM eram informados ao minuto do resultado contra a França. A cada golo, anunciado pelo comandante de bordo, sucediam-se os aplausos dos passageiros em delírio. Quem disse que o referendo irlandês era a coisa mais importante para os europeus?

P.S. foto de Hennie Bos, adepta "laranja"

O défice comanda a vida

Num artigo perturbante intitulado "O declínio inequívoco de Portugal", publicado ontem no Público, Medina Carreira escreve o seguinte:
"Há um notório e crescente mal-estar no nosso país. Apesar do optimismo e das promessas, os salários continuam baixos, as pensões são exíguas, o poder de compra estagna, o desemprego é elevado, a classe média dissolve-se, a pobreza alastra, as desigualdades acentuam-se, as famílias estão pesadamente endividadas, a emigração recomeçou e os temores aumentam. A crise internacional chegou e atingirá alguns com especial violência.
É a mediocridade da economia que temos."
A leitura do resto deste arrasador artigo é obrigatória. O retrato pecará, porventura, por ficar aquém do que verdadeiramente se passa. O artigo é, de resto, um libelo lançado a todos nós, não só aos governos. Até a Medina Carreira...
"O estado da nossa decadência é profundo", diz o fiscalista, mas nem assim se adivinha qualquer reacção séria, mínima que seja, ao que se está a passar. Tudo parece adormecido à medida que o calor se instala.
E ai de nós se Portugal ganha o Euro 2008! E se perde?!

"No To Lisbon"

Tinham razão os eurocratas de Bruxelas em não quererem referendar o Tratado de Lisboa. O texto era demasiado difícil para a compreensão do homem da rua. Deve ter sido por isso que os irlandeses o chumbaram. Como foram os únicos autorizados a votar, agiram de acordo com a sua consciência: mandaram o tratado para o caixote do lixo da história. E agora, José?

2008/06/12

Deixa ver se passa...

A situação de expectativa em torno do resultado do referendo na Irlanda não pode deixar de causar uma enorme perplexidade. A Europa política está neste momento com a respiração suspensa. Muita coisa está em jogo com a aprovação deste "Tratado de Lisboa" e ouvimos mesmo hoje o primeiro ministro José Sócrates afirmar que está em jogo a sua carreira política. São oito anos de trabalho que dependem agora do sim ou do não do povo irlandês. A Irlanda foi o único país a submeter a referendo esta aprovação.
Numa Europa em crise, estando em causa o futuro de uma zona decisiva do globo, não deixa de suscitar uma profunda estranheza que tudo isto dependa desta singela mas significativa decisão. Ouvimos as reacções dos políticos quando questionados sobre a eventualidade do não triunfar, procuramos saber o que terá sido feito para o caso da votação não ser favorável na Irlanda e ficamos com a sensação que a Europa navega, fragilmente, nesta como noutras matérias, completamente à bolina.
A improvisação e o desnorte europeus não deixam de espantar, tanto mais que noutras matérias o grau de picuinhice das diversas instâncias políticas da Eurolândia raia frequentemente o ridículo pelo exagero. Então o Tratado é ou não uma questão importante? Que pensar destes políticos que um dia nos aparecem com ar dramático a dizer que ou o Tratado vinga ou vem aí o dilúvio, e que, posteriormente, perante a possibilidade de um único país colocar em causa todo este processo, mostram uma total falta de bom senso, de previsão e uma gritante incapacidade para gerar alternativas...?
Quando olho para o que está em causa e quando penso nos grandes desígnios em que hoje a Humanidade se encontra envolvida, para a consecução dos quais a Europa pode e deve desempenhar um papel crucial, não posso deixar de ficar boquiaberto com esta estratégia do deixa-ver-o-que-vai-acontecer.
Nesta altura já é tarde para o primeiro ministro se preocupar com o futuro político. Mesmo que ganhe o sim a imagem de improvisação e de leveza na condução deste processo já não descola...

2008/06/09

"Blagues" em papel

Leio hoje no Público, no espaço do P2 dedicado aos blogues chamado "Blogues em papel", uma citação do blogue dazuis08.blogspot.com que inclui a seguinte frase: "O meu interesse pela selecção não se compara minha paixão pelo FCPorto." Fui verificar e a asneira é mesmo do blogue. Será...?
Não me custa nada acreditar na sinceridade deste "bloguista" ("blogueiroso"? "bloguicida"?) e na sua profunda convicção clubística... Já me custa contudo ter de ler isto no Público. Que diabo, pela moeda antiga o jornal já custa cerca de 180 escudos! E é de referência! Ao menos que tivessem aproveitado para fazer um pouco de pedagogia.