Quanto à mensagem propriamente dita, independentemente de achar justos muitos dos comentários e recados que incluiu, ela suscitou-me alguns pensamentos. Desde logo uma interrogação: este PR é o mesmo que foi PM durante um larguíssimo período, ou estarei engando? Terá sido a mesma pessoa...? Às tantas fiquei com dúvidas.
Por outro lado, ouviu-se uma longa diatribe a propósito da situação económica. Um desses comentadores que li notava que estava ali um especialista em economia, uma vez que a mensagem se centrou quase exclusivamente sobre a coisa económica. Mas no essencial, porém, a coisa económica ficou reduzida a um "cada um que se amanhe", aquilo que de resto temos sido sempre obrigados a fazer face a crise contínua em que o país parece estar permanentemente metido, e às "soluções" propostas pelos políticos que nos vão calhando na rifa.
Temos de convir que parece curto para um Presidente da República. Nem uma palavra sobre... Portugal e sobre os portugueses, a sua alma mais profunda, a sua cultura, o seu património. Aquilo que, em última análise, será o motor de qualquer superação real da crise. Dito assim, a mensagem do PR não diferia muito da conversa que ouço junto do quiosque dos jornais aqui da minha terra, entre os refomados que ali se reúnem. Uma espécie de presidentes de bancada...
Ouvi de facto este discurso e não pude deixar de me recordar do que escrevi aqui há pouco tempo. Não pude deixar de me lembrar, por exemplo, que ao actual PR, que se orgulha, muito justamente, da sua condição de professor de economia, lhe terão passado pelas mãos muitos dos que contribuiram para o estado caótico da economia portuguesa. Da sua boca terão certamente ouvido, pela primeira vez, os fundamentos da teoria tóxica que inquinou a nossa economia. E na sua condição de PM, algumas das estrelas mais cintilantes, responsáveis pelos escândalos financeiros que se conhecem, até colaboraram com ele directamente.
E não pude deixar de me lembrar que quando ele invocava justamente as virtudes dos pressupostos e princípios que aplicou na sua sua gestão do país (*), eu, por mim, torcia já o nariz, desconfiado com tanta "prosperidade" e com a assustadora proliferação de "habilidosos", que se ia vendo grassar por aí, gozando da mais absoluta das impunidades...
Ou esta gente pensa que nascemos todos ontem?
(*) Que em nada diferem dos que agora conduziram à actual "crise", dr. Medina Carreira...