2015/11/25

Com a morte na alma...

O Presidente da República indicou António Costa como primeiro-ministro. Não indigitou, mas indicou. Este, como lhe competia, no mesmo dia (!), entregou-lhe a lista dos ministros escolhidos. Cavaco, não parece convencido. Terá com Costa mais uma conversa.
Falta alguma coisa?
Não sabemos. Com este Presidente, o "delay" é uma constante. Há quem pense que o homem é incompetente. Outros, que ele estará doente. Há quem ache ser apenas uma vingança mesquinha, por não suportar dar posse a um governo de esquerda, ainda por cima apoiado pelo Partido Comunista e pelo Bloco de Esquerda. Tudo é possível.
Pessoalmente, penso que a falta de sentido de estado e de valores democratas, são os grandes defeitos deste presidente. Sempre pensei, de resto. Não é surpresa nenhuma. Esta "mise en-scene" era escusada e, só se compreende, vinda do mentor de uma política reaccionária e autoritária de anos, que não se importa de adiar o país, desde que a sua vontade prevaleça. Triste fim para uma carreira política que sempre se pautou pela mediocridade e pelo conservadorismo mais pacóvio.
Dito isto, a culpa não foi só dele. Foi de quem o apoiou e em quem ele sempre se apoiou, a começar pelos amigos, pelo partido a que pertence e pelos agentes económicos e financeiros deste país. As clientelas. Também dos seus votantes. Não foi ele eleito quatro vezes, sempre com maioria absoluta? Vinte anos da vida política do país, metade dos quarenta que leva esta democracia. Então?
Aparentemente, terminou um ciclo na vida política portuguesa. Um mau ciclo. Pior do que os últimos quatro anos, será difícil. "Avec la mort dans l'âme" (como diria Sartre), Cavaco vai ter de empossar Costa e o executivo por este indicado.
As tarefas, que esperam o novo governo, são enormes. Desde logo, internamente, quando todos sabemos que a economia não cresce o suficiente para pagar as despesas e a dívida pública continua a aumentar. Depois, externamente, quando sabemos que os "mercados" e os credores, serão agentes activos na destabilização deste governo de pendor socializante.
Resta a composição governamental, onde os "pesos pesados" e as "surpresas" se misturam, naquilo que pode ser considerado um governo de "experiência e juventude", sempre uma escolha pessoal do primeiro-ministro. Pesem algumas surpresas (cultura, defesa, educação, justiça...) o governo parece equilibrado. Pessoalmente, gostaria de ver todos os partidos, que assinaram este acordo,  representados no governo. Daria mais consistência ao executivo e responsabilizaria os seus co-autores. Não foi possível. Aparentemente, as diferenças são maiores que as convergências. É pena. Foi o que se pôde arranjar.
Resta desejar os melhores votos à governação que agora se inicia. Estaremos cá para apoiar e criticar, sempre que isso o justifique.     

2015/11/24

Algo é algo...

Portugal tem um novo primeiro-ministro.
Depois de mais de cinquenta dias de audições, já não era sem tempo.
Algo é algo.