2012/06/23

Murdoch volta, estás perdoado!

O 4º poder mostra o quão está sob o poder do poder. O caso é tão chocante que se lê e pensa-se logo: "não, isto é coisa do extinto Jornal do Incrível ou da Imprensa Falsa". Mas, não, é o DN e aconteceu, de facto, neste ano da graça, mas não engraçado, de 2012.  O News of the World parece obra de amadores ao pé disto.
Veja-se a gravura e leiam-se  aqui mais pormenores, incluindo a descrição dos factos, as respostas dos intervenientes e a análise do Provedor do Leitor do DN.


2012/06/22

"Relvas quis favorecer empresa de Passos Coelho"




Uma história sórdida descrita neste video e aqui neste artigo. O mais engraçado, no caso do video, é ver a outra a tentar defender o indefensável. As cambalhotas que ela dá para mascarar o argumento central de Helena Roseta...

Uma questão de Estado

Gaspar vai avisando, à cautela, que pode não ser possível cumprir a meta do défice para este ano. De imediato temos a reacção de uma data de "dótôres" a explicar o que o ministro quis dizer. Não vá a gente não ter percebido... Mas, a verdade é simples e, como dizia um grande pensador da economia portuguesa, "é fazer as contas..."
Com a actividade económica em queda livre, cujo resultado óbvio e totalmente previsível é a consequente diminuição das respectivas receitas fiscais, e com o aumento brutal dos encargos resultantes da escalada do desemprego, as despesas aumentam para além do limite já anteriormente insuportável, e as receitas diminuem, logo a meta do défice não pode ser cumprida. É assim, simples.
Nem com toda a contabilidade criativa, que o contabilista-mor do reyno entenda instituir, este processo pode ser invertido! Não resta outra alternativa que não seja recorrer aos mesmos aumentando os impostos, i.e, aos mesmos que pagam impostos! É claro como a água.
A solução óbvia pareceria ser então estimular a actividade económica interna (as famosas "exportações", em ascenção há já tanto tempo, não parecem chegar para as encomendas...) e combater o desemprego, o que, por sua vez, pode também ajudar nesse estimulo à actividade económica interna. Mas, nem isso se vislumbra no horizonte político do País.
Nesta corrida louca e totalmente descontrolada os responsáveis não parecem ser capazes de fazer mais do que, como se costuma dizer, empurrar o problema para a fente com a barriga, sem fim à vista nem qualquer meta clara.
Esta política deixa por responder várias questões perturbantes, às quais o douto ministro deveria, com a sobriedade e fina precisão que o caracterizam, responder, sob pena de pensarmos que essa serenidade e aparente rigor não passam de uma enorme encenação.
Responda então o senhor ministro...
Qual a relevância das funções que o Estado desempenha que justificam esta constante insaciabilidade financeira? Que medidas prevê o governo para estancar esta espiral crónica do défice, que corrijam as suas origens, para além de lhes continuar a deitar dinheiro para cima? E, mesmo que consiga equilibrar este défice —com, pelo menos, um estímulo eficaz à economia e o combate ao desemprego—, que legitimidade tem o Estado para se limitar a angariar mais receitas, como se fosse uma mera empresa em busca de manutenção no mercado, em registo de simples sobrevivência, sem rumo, sem estratégia, sem "produto", com prazo de validade confirmado, para vender aos clientes. Ou, no caso de haver "produto", especulando com o preço, valendo-se da posição monopolista para ir buscar umas coroas extra? Que "Estado" é este que os senhores continuam a deixar que se transforme numa simples instituição de prestamistas, comissionistas, especuladores e angariadores de vendas à rasca para arranjar negócio? Que funções deve afinal o Estado exercer e através de quem? Tem o senhor ministro uma ideia clara sobre isso? O que raio andamos nós afinal a pagar, é capaz de nos dizer? Porque nos sai o Estado tão caro, conseguirá explicar? Quem assinou e assina os cheques? É o senhor? É o senhor, senhor ministro da fazenda, que continua a cavar o défice? Qual a sua utilidade então? Para que nos serve, de facto, este Estado, que produziu este défice?

2012/06/21

Castidade

O PS enfia o cinto de castidade e anuncia a abstinência, perdão, a abstenção, na moção de censura do PCP. Esperemos que seja a tal abstenção violenta...

2012/06/18

Uma vitória de Pirro

Para descanso dos credores europeus, os gregos deram ontem a vitória ao partido que mais contribuiu para o endividamento da Grécia. Não é, pois, de admirar que a Alemanha e os países do núcleo duro do Euro se congratulem com o resultado obtido pela Nova Democracia. O pânico instaurado nas principais capitais europeias, devido à ascensão do Syriza - um partido bem menos radical do que alguns analistas nos fizeram crer - revelou-se, afinal, infundado. As campanhas de intimidação levadas a cabo pelos principais políticos e banqueiros alemães, a que não faltaram anúncios publicados na imprensa europeia a apelarem ao "voto responsável" dos gregos, fizeram o resto e acabaram por ser determinantes para a vitória de Samaras. Acontece que, apesar desta vitória, a Nova Democracia não tem a maioria absoluta dos votos (longe disso!) pelo que não poderá governar sozinha. Depende, por isso, de uma coligação, que poderá contar com o PASOK, terceiro partido mais votado e o grande derrotado destas eleições. Consciente da sua força negocial, o líder do PASOK já veio declarar que só entrará para o governo caso a coligação governamental inclua o Syriza e a Esquerda Democrática, numa clara estratégia de cimentar a unidade nacional. Pesem as intenções dos socialistas, não é de crer que Samaras, escudado na sua vitória de ontem e pressionado pela Alemanha, venha a ceder nesta coligação alargada. Também não é de acreditar que Tsipras, cuja campanha eleitoral foi baseada na denúncia deste memorando, venha renunciar aos seus princípios. No dia seguinte às eleições mais importantes em décadas, a sociedade grega continua tão dividida como nunca, nada garantindo que a saída deste impasse tenha sido resolvida com o recente sufrágio. Uma coisa parece certa: os maiores responsáveis por esta crise (a Nova Democracia e o PASOK) ganharam um oponente de peso. A partir de agora, o Syriza perfila-se como uma oposição respeitável, em quem os gregos depositaram a sua confiança e mais de 26% dos votos. Nada mau, para quem foi apelidado de radical durante semanas de campanha e que acabou por influenciar todo o discurso anti-memorando que hoje atravessa as principais forças partidárias do país. Se as condições de austeridade a que estão sujeitas os gregos, mudarem, ao Syriza se deve.