2018/05/16

O hooliganismo, filho do populismo


O que se passou ontem, em Alcochete, não tem classificação possível.
Foi, desde logo, um acto bárbaro e terrorista, praticado por um grupo de delinquentes que, em grupo e disfarçados, agrediram atletas de um clube em plena academia de treino.
Trata-se, sem dúvida, de um acto criminoso, perpetrado nas "barbas" da comunicação social, que estava presente e "condescendeu" em abandonar as instalações, sob a ameaça dos "hooligans". Desde logo, matéria para averiguação policial que, entretanto, já prendeu e levou a tribunal mais de uma vintena de implicados que se encontram em prisão preventiva. Resta, agora, aguardar pelas suas declarações e procurar perceber o que esteve por detrás desta acção colectiva, pois o acto em si indicia ter havido uma preparação prévia, o que aponta para uma "organização do terror".
Depois, e esta não é uma matéria de somenos, onde há grupos organizados há líderes, pelo que caberá à polícia esclarecer este ponto, pois podemos estar em presença de algo mais sofisticado do que uma simples claque de futebol. Não seria a primeira vez que uma claque tivesse sido infiltrada por elementos de extrema-direita (vulgo neo-nazis) um fenómeno frequente no Norte europeu e que, em Portugal, não tem tido a dimensão de outros países.
Aqui chegados, e esta é uma tarefa dos associados do clube em causa, devemos questionar-nos sobre o comportamento leviano (a roçar a psicopatia) de um presidente, que se tornou um verdadeiro incendiário das próprias hostes, qual Nero a quem só parece interessar ver "Roma a arder".
A personalidade tem antecedentes e há tratados sobre o perfil psicológico destes demagogos e populistas, que não hesitam em criar o caos para, na confusão gerada, melhor poderem exercer o seu autoritarismo. Pelos vistos, a loucura compensa e os referendos organizados só fortaleceram a legitimação do cargo. Se os sócios apoiam, é porque deve estar certo, é o raciocínio.
Finalmente: independentemente da investigação e (espera-se) pena exemplar aplicada aos prevaricadores e consequente "limpeza" dos orgãos sociais do clube, vítima destes personagens, é de esperar que as autoridades (o estado português) aproveite a ocasião para "limpar" o sujo mundo do futebol e, de uma vez para sempre, termine com esta vergonha, ainda que a tarefa não pareça fácil. Na Inglaterra e na Holanda, que foram confrontados com este fenómeno, foi possível, logo deve ser possível, também, em Portugal. Assim haja vontade e coragem política.