2012/07/20

Espanhóis e portugueses: diferenças óbvias

De facto, há diferenças entre portugueses e espanhóis. Enquanto em Portugal se espera pelo "parecer" do "opinioneiro" de serviço para ter opinião própria, e se exulta com os comentários dos "especialistas" que propõem o afrouxamento das medidas de austeridade, enquanto aqui se substitui a acção pela conversa mole (*), em Espanha, mal foram anunciadas as medidas de austeridade, centenas de milhar de pessoas vieram para as ruas em mais de 80 cidades, afrontando a polícia e os seus mastins.  Em Espanha não é preciso que a corda comece a apertar fatalmente a garganta para agir.
Enquanto a corda aperta, em Portugal, o PR e o deputado Ribeiro e Castro, tentando apequenar a contestação, descobrem que as manifestações de repúdio dos portugueses pelo esbulho a que estão a ser sujeitos (**) são "preparadas" (as medidas de austeridade não foram preparadas, são espontâneas...) e este insulto não gera uma onda de enorme indignação. Em Espanha a resposta à tentativa de esbulho não se fez tardar e acontece neste momento nas ruas, de forma intensa, de olhos nos olhos, com um saldo até agora de dezenas de feridos e detidos.
Enquanto a corda aperta, em Portugal, no primeiro semestre deste ano, foram à falência 24 empresas por dia, e a taxa efectiva de desemprego está, segundo o MSE, acima de 23%!
Mais uma diferença que também não deixa de ser curiosa: toda esta informação, sobre o que se passa em Espanha, pode ser recolhida num portal preparado pelo governo espanhol.

(*) Exemplos de conversa mole são os analistas de café ou de mesa de dominó e bisca, espalhados por esses parques públicos, os blogs, os programas sobre blogs e, claro está, os "foruns" e programas de "debate" na rádio e na tv, e a imprensa. Todos eles fervilham, todos os dias, de re-opiniões sobre as opiniões dos "especialistas". Veja aqui, um desses casos.

(**) O pouco que se tem feito, certamente muito aquém do que seria necessário, é obra de gente corajosa que teima em acreditar no país, e não passa, apesar de tudo, de umas meras assobiadelas e  umas palavras de ordem gritadas com o vocalizo mais ou menos estridente. Imaginem, tendo em conta a infinita lábia do artista, o efeito que terá, perante a ignomínia praticada pelo Relvas, uma simples vaia .


2012/07/18

O recipiente adequado para esta gente


Corre hoje uma notícia sobre uma Ana Moura, rapariga de outros fados, secretária e ex-vogal da comissão política do PSD de Setúbal, acusada de desvio de fundos. Que me perdoe a verdadeira Ana Moura. "Mas porque é que a gente não se encontra?"
Não vejo nada de terrivelmente surpreendente no comportamento da Ana do Sado, confesso. O que espanta e choca é o facto de ela já ter novo cargo nas Finanças. É o Fado da Ana, também conhecido pelo Fado do Cocei-te as Costas. O Relvas, entretanto, canta o Fado da Licenciatura Liofilizada, também conhecido pelo Fado do Finalista. Firmino ataca o Fado Menezes, com letra de protesto dirigida ao primeiro-ministro, e o Jardim (do buraco) da Madeira permite-se cantar ao despique o Fado Relvas, dedicado aos doutores instantâneos. Enquanto isso Menezes ensaia o Fado Firmino, com a sua própria letra e música, cujo refrão diz "Relvas é um homem sério", e o jovem Duarte acompanha à viola em tom menor, o Fado Gago, com culpas para o Mariano. O professor Marcelo Rebelo Karamba, picadinho, ataca o Fado Manife, um fado ridículo e já gasto, de opinião morta. A letra é um exercício pouco subtil em que se consegue afirmar que a manifestação de segunda-feira foi ridícula, sem perceber o ridículo da afirmação. As manifes medem-se aos palmos, pensa o iminente cantador; logo, Relvas, o primeiro-ministro que o escolheu e o presidente da república que o empossou, são o epítome da seriedade.
D. Januário Torgal vem, entretanto, dizer o que todos sabemos: que o guitarra e o viola são corruptos e dão notas ao lado. Mas o PSD precisa de mais provas.
Perante a confusão que vai na tasca, o primeiro ministro reage a tudo isto mudando de penteado. Um não primeiro ministro, portanto, que nem serve para atirar à ventoinha.
Toda esta gente faz parte do partido principal da coligação governamental, da qual o PP também não sabe, não pode ou não quer descolar, malgrado os RPP, recados público-privados...
Reparem bem: toda esta gente tem a responsabilidade da governação do nosso País, influencia directamente a nossa vida, molda o nosso actual e desgastante, penoso, injusto e revoltante dia a dia.
Este também não é um fado normal. Está na hora de atirar a porcaria, não para a ventoinha, mas para um recipiente apropriado.
Escolham.

À defesa!

O Bispo zurziu no governo forte e feio. Houve quem achasse bem, houve quem achasse mal. Houve quem se revisse nas palavras do bispo, houve quem tivesse ficado em estado de choque. Por exemplo, o ministro Aguiar-Branco reagiu mal às declarações de D. Januário Torgal; como se tivesse tido subitamente um percalço urinário...
Diz o i 0nline que Aguiar Branco, ministro da defesa do reino,  questionado à entrada de uma audição na Comissão de Defesa da AR, "sobre se o ministro dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, tem condições para continuar no Governo, rejeitou fazer qualquer comentário." Justificou-se dizendo, solene, "eu vim aqui responder às questões relacionadas com a comissão de Defesa."
Como vinha tratar de assunto relativos à defesa, já se justificava o ataque ao Bispo... das Forças Armadas!
Confundiu, sem dúvida, a cadeia de comando, como lembra o Manuel António Pina neste seu artigo de hoje.

2012/07/17

Diz-me como conduzes, dir-te-ei qual é o grau de corrupção no teu país

Já alguma vez pensou nisto: o comportamento ao volante reflectirá os níveis de corrupção existentes no país? Não quero fazer extrapolações abusivas, nem criar ligações entre texto e imagem que davam jeito, mas podem ser precipitadas.
Lá que isto dá, contudo, que pensar, ah! lá isso dá...
Ora leia aqui este artigo "World’s Worst Traffic Jam" e conclua por si próprio. Eu fui ver uns dados comparados sobre acidentes rodoviários e condução em Portugal e já tenho uma ideia...



(a foto foi "picada" do blog A Nossa Terrinha)

2012/07/15

Revalidar a carta

Enquanto Portas, lá longe, diz a Passos Coelho, publicamente, que os dirigentes do Estado não se devem envolver em polémicas públicas e Passos reitera apoio a Relvas, o líder da JSD revela que Relvas aconselhou os jovens social-democratas a não cometerem o erro por ele cometido em relação à licenciatura. Estudem primeiro e metam-se na política depois, terá sugerido o homem forte de Coelho. Mais diz Duarte Marques (assim se chama o jovem líder dos jovens social-demcratas): se houvesse ilegalidade seria ele o primeiro a pedir a demissão de Relvas.
Há público e público, há apoio e apoio, há erro mas não há ilegalidade.
Errar é humano, está visto; apoiar é preciso; não há ilegalidades, está provado; continuamos perante um não assunto, ponto final.
Mas, terá pensado o jovem líder dos jovens social-democratas, num momento de vago cruzamento com a realidade, se ainda assim subsitstem dúvidas sobre a origem do erro de Relvas e se a legitimidade de um curso feito pelo método da liofilização ainda suscitar alguma perplexidade a alguém, interrogue-se...  Mariano Gago. Só ele poderá, parece querer dizer o jovem Duarte, clarificar os objectivos da lei que conduziu a tão "insólito" e tardio desfecho para a vida académica de Relvas. É ele que detém a chave da explicação do erro de Relvas.
É este o óleo "político-ético-ideológico" que foi derramado na curva apertada em que o País circula neste momento. E é este o tipo de condutores que vai a conduzir o veículo.