2008/07/25

A Língua da Cimeira

Durante o discurso inaugural na cimeira da CPLP (com as ausências de Angola e Moçambique e a presença do ditador da Guiné Equatorial) o primeiro-ministro português enfatizou as quatro bases de cooperação futura: a língua (na Guiné Equatorial fala-se espanhol e francês!), a cidadania, a concertação política e as energias (Brasil, Angola e Guiné-Equatorial têm petróleo). Para "abrilhantar" a sessão foi ainda assinado o "Acordo Brasileiro da Língua Portuguesa". Pouco a pouco começa a perceber-se a estratégia linguística de Sócrates. Desde que haja petróleo, qualquer "língua" serve!

2008/07/23

Allculture

Não estive presente na sessão de divulgação do estudo "Desenvolvimento de um clister de Indústrias Criativas na Região Norte", mas, pelos relatos, já deu para ir percebendo o que são as novas orientações do governo, no que respeita aos caminhos da cultura portuguesa: it's Allculture!!
And the beat goes on, dada-radada-da-da... the beat goes on!!!

2008/07/22

Karadzik

A prisão de Radovan Karadzik, um dos criminosos de guerra mais procurados da actualidade, veio pôr fim a um período de onze longos anos, em que as mais inverosímeis histórias sobre a sua fuga fizeram manchete na imprensa internacional. Desde a permanência na sua casa de Pale, donde nunca teria saído, até à protecção de monges ortodoxos em mosteiros da Bósnia profunda, passando por inúmeros disfarçes, dos quais o de padre teria sido o mais usado, Karadzik soube sempre escapar a uma perseguição que muitos julgavam poder não terminar nunca. Ainda ontem, aquando do anúncio da sua detenção, corriam duas versões sobre a forma como esta teria ocorrido: enquanto a versão oficial relatava um "raid" da polícia nos subúrbios de Belgrado, onde Karadzik, supostamente, vivia; a versão do seu advogado referia a passada sexta-feira, como o verdadeiro dia da detenção, após o ex-líder sérvio ter sido reconhecido num transporte público da capital...Também de mitos é feita a vida dos criminosos.
Bem mais importante que a lenda é, no entanto, a realidade sofrida pela população muçulmana da Bósnia, sujeita a uma das maiores operações de limpeza étnica de que há memória na Europa do pós-guerra e da qual os mais dramáticos exemplos foram o cerco de Sarajevo (1992-95) e o genocídio de 8000 homens muçulmanos friamente executados em Srebrenica (1995). Por detrás destas operações esteve o demente psiquiatra e poeta nacionalista que ontem foi, finalmente, preso. Será agora, como tudo indica, entregue ao tribunal Internacional de Haia para ser julgado. Não é ainda o fim da história e muitas lágrimas terão de correr nas faces das mães e viúvas de Srebrenica, até a sentença final ser declarada. Como referia o poeta uruguayo Mario Benedetti, a propósito da prisão de Pinochet na cidade de Londres: (ainda estamos longe da justiça) "pero, algo és algo"...