2017/09/29

Baratas Tontas


Este Verão, caiu-me, literalmente, o céu em cima da cabeça.
Passo a explicar: em meados de Julho fui surpreendido para diversas fendas no tecto da minha casa de banho. Alertado, pois já tinha sofrido duas infiltrações provenientes do andar superior, avisei a senhoria. Esta, deslocou-se a minha casa para observar "in loco" os estragos e prometeu uma visita rápida do "mestre de obras", com vista a solucionar o problema rapidamente.
O homem apareceu na mesma noite e foi peremptório na sua avaliação: não se preocupe que isto não cai tão depressa! Passo por cá amanhã e vamos tratar disso.
Nessa madrugada, fui acordado por um estrondo que abanou todo o prédio. O tecto tinha caído parcialmente, mostrando uma abertura onde cabia uma pessoa adulta...
Novo alerta para a senhoria, nova visita do "mestre de obras" e avaliação dos estragos. Foi necessário fazer um tecto falso e substituir a banheira e o autoclismo, entretanto entupidos com o lixo acumulado pelos detritos. Nova canalização e azulejos novos. Quatro dias depois, as obras estavam prontas.
As surpresas surgiram nos dias seguintes: com a mexida na canalização e o calor de Agosto, começaram a aparecer baratas na casa-de-banho, algo inexistente até à data.
Nova queixa para a senhoria, nova visita do "mestre de obras" e novas obras, agora direccionadas à canalização. Não diminuiram as baratas e manteve-se o problema do autoclismo, que não faz bem as descargas, devido à deficiente colocação do dito e à canalização adjacente.
Nova queixa e nova visita do "mestre de obras" com a colocação de uma bomba de água mais sofisticada para facilitar as descargas.
Entretanto, e depois de uma rápida pesquisa na Net, para procurar uma empresa de desbaratização, cheguei a algumas conclusões que partilho com os leitores: estão identificadas mais de 70 variedades de baratas, das quais as mais vulgares, em Portugal, são a barata americana (acastanhada com asas), a alemã (preta, tipo "pantser") e a oriental (castanha alongada). Para além destas espécimes, existem ainda a cubana (verde), a barata da madeira (pequena e esguia) e a australiana (aloirada). Enfim, um verdadeiro jardim zoológico, neste país à beira-mar plantado. Para minha surpresa, entre todas as empresas consultadas, nenhuma me soube indicar se havia espécimes portuguesas e qual o seu aspecto.
Da minha observação empírica e diversos encontros nocturnos com as visitantes que habitam no subsolo da casa, penso estar confrontado com a barata americana (algumas voam) e com a barata oriental (alongada).
Pesem as penosas lutas quase diárias, tenho saído sempre vencedor dos confrontos, o que me dá alguma satisfação. O pior é a reprodução que, de acordo com a literatura especializada, pode atingir milhões de óvulos num só ano...
Tomei duas decisões: contratar uma empresa especializada em desbaratização e contratar um profissional de canalização, para recomeçar as obras, agora a expensas próprias. Para o problema das "baratas portuguesas" ("mestres de obras" incluídos) não encontrei ainda solução. Será que existe?...