2014/01/28

Pete Seeger (1919-2014)


Vio-o, pela última vez, na televisão, junto ao Memorial de Lincoln, na tomada de posse de Barack Obama em 2009, onde cantou com Bruce Springsteen a canção-hino "This land is your land", popularizada por Woody Guthrie.
Para trás, tinham ficado décadas de activismo político e dezenas de canções escritas ao serviço das causas que sempre abraçou, fossem estas no campo dos direitos sindicais, dos direitos civis da população negra, ou contra a guerra do Vietnam, à qual sempre se opôs, como pacifista assumido que era.  Dele, ficaram ainda canções como "We shall overcome", "Where have all the flowers gone", "If I had a Hammer" ou "Turn, Turn, Turn", reproduzidas vezes sem conta por intérpretes em todo o Mundo.
A carreira de cantores como Bob Dylan, Joan Baez, "Peter, Paul and Mary" ou "The Kingston Trio", não teria, provavelmente, sido a mesma sem a influência de Seeger. Foi a própria Joan Baez que o declarou, esta madrugada, após ter sido informada do falecimento do cantor.
Memorável, seria a sua primeira passagem por Portugal, onde actuou no antigo Pavilhão dos Desportos, em 2 de Dezembro de 1983. Desse histórico evento, foi gravado um LP numa edição limitada de 3000 exemplares. Tenho um, que guardo religiosamente.
Um ícone americano, ou como o descreveu Springsteen: "O arquivo musical e de consciência da América, um verdadeiro testamento do poder da canção e da cultura do último meio século nos EUA e no Mundo". Nem mais. A sua obra e o seu exemplo, são já imortais.      

2014/01/27

As praxes, essa aberração

Seis semanas após as trágicas mortes do Meco, pouco se sabe de concreto sobre o que levou sete jovens estudantes, trajados a rigor, naquela noite e àquela hora, para a beira de um mar em fúria.
Também ninguém percebe porque, passado todo este tempo, a polícia não tenha sido mais lesta na procura das causas e das provas que possam estar por detrás de tão macabra encenação. Entretanto, o único sobrevivente, continua aparentemente em "estado de choque" e ninguém, para além dos familiares, parece estar muito interessado em esclarecer tal mistério. Porque as conclusões tardam, não faltam especulações.
As redacções, sempre ávidas de sangue, lá foram ao local do crime, tentar reconstituir o "puzzle". Tivemos de tudo, nas últimas semanas: os vizinhos que viram e não falam (?), os que viram e falam pelos cotovelos, a encarregada da limpeza com honras de "prime time", os psiquiatras de serviço para explicar os "bloqueios emocionais" do sobrevivente, os colegas do curso fechados numa estúpida "omertá" que a ninguém pode ajudar, os responsáveis da Lusófona cúmplices na impotência de instituições que nunca tiveram a coragem de proibir tais anormalidades e a opinião pública completamente atordoada perante esta nova realidade.
Alguma coisa está errada numa sociedade que, pesem algumas excepções, permite e estimula comportamentos indignos de relações e ritos de iniciação que se querem fraternos e colegiais.
Se o que aconteceu há seis semanas, não servir para mudar radicalmente a mentalidade dos responsáveis políticos, universitários e educadores (a elite!) por tal absurdo, receio bem que tenhamos entrado definitivamente na idade de trevas que a actual crise prenunciava. O que se seguirá, agora?