2009/04/10

A questão dos genéricos...


Um ovinho de Páscoa para todos, recheado de doces perguntinhas para vossa reflexão: não podemos substituir estes governantes de "marca", que temos presentemente, por uns "genéricos"? E, já agora, alguém conhece o "princípio activo" destes?
Os portugueses têm de pensar nesta questão, muito a sério, mais cedo ou mais tarde...

A Caixa de Kyoto

Uma caixa de cartão que custa uns 5 euros, que pode ser usada para cozinhar ou esterilizar água, ganhou o prémio de 57 000 euros instituido pelo FT Climate Change Challenge, organizado pelo Financial Times, pela HP e pelo grupo Forum for the Future.
A Caixa de Kyoto, cujo nome invoca o protocolo de Kyoto que visa reduzir as emissões de gases com efeito de estufa, é o produto do designer norueguês Jon Boehmer, actualmente a viver no Quénia. É um conceito que pode ajudar milhões de pessoas que usam lenha para cozinhar, serve para despoluir água e "pode ajudar a salvar vidas e árvores", segundo afirma o seu autor. (Mais informação, incluindo uma entrevista com o autor aqui.)
Ao ler esta notícia fui de repente transportado no tempo para os conceitos do designer Victor Papanek, o proponente principal de um conceito de design ecologicamente responsável. As ideias de Papanek eram e continuam a ser excitantes e mobilizadoras, mas olhando para a evolução da disciplina, parece que fomos mais no sentido do design e dos designers de e da moda...
A Caixa de Kyoto é, manifestamente, um legado dos ensinamentos de Papanek. E um sinal dos tempos que correm...

Cidadania (2)

Passaram nove semanas desde que requeri o meu "cartão de cidadão" e, até hoje, nada...
Preocupado, pois nunca se sabe o que poderá ter acontecido, dirigi-me à Loja do Cidadão onde tinha feito o pedido. Depois de 4horas (quatro!) de espera, devido a "erros do sistema informático", fui informado pela funcionária que o processo ainda não tinha dado "entrada" na Casa da Moeda (leia-se: não estava pronto para ser impresso).
Indaguei da demora, já que me tinham assegurado que não esperaria mais do que dois meses o que, convenhamos, é já de si um tempo excessivo, tendo em conta que se trata de um sistema que se quer "simplex". A funcionária, solícita, sorriu e foi dizendo que às vezes demorava 5 dias, mas havia casos em que chegava a demorar 5 meses!...
Estarrecido com a ideia de não ter o cartão pronto a tempo de votar contra este governo idiota que gere a coisa pública em sistema "powerpoint", dirigi-me ao departamento de gestão, onde expus o meu caso e solicitei o Livro de Reclamações. Depois de muitas hesitações, em que fui passando de "doutora" para "doutora" para explicar o motivo da minha irritação, lá condescenderam em entregar-me o livro.
Expliquei às "doutoras" e escrevi no livro, que não se admitia que um serviço como a Loja do Cidadão (supostamente criado para facilitar a vida às pessoas) fosse um ninho de burocracia, onde os "sistemas informáticos" falham regularmente, onde não há "senhas" nas máquinas, onde as pessoas esperam e desesperam em pé com medo de perderem a "vez" e onde a afluência a determinadas horas do dia é caótica. Também expliquei e escrevi, que me tinham assegurado que o "cartão de cidadão" (pelo qual paguei 12 euros) seria entregue num prazo mínimo de 10 dias e num prazo máximo de 2 meses e que já tinham passado nove semanas, com a perspectiva de ter de esperar 5 meses!...
Uma das doutoras, certamente espantada por ouvir coisas tão evidentes (os portugueses são normalmente subservientes e não costumam reclamar os seus direitos cívicos) mandou-me ir ter com ela ao seu gabinete. Lá fui e ela, solicita, foi consultar o processo. Que não, que eu estava enganado, pois o meu processo já estava na Casa da Moeda (leia-se: pronto a ser impresso) e mostrou-me o écran do computador para confirmar. De facto, na rubrica "Casa da Moeda", lá estava a indicação "deu entrada na CM". Agora, era esperar mais uma semana, talvez dez dias, devido aos feriados da Páscoa e, lá para dia 15 de Abril, devia receber uma carta em casa para levantar o cartão. À minha questão, como é que justificava a disparidade de informações no mesmo sistema (num lado, o processo não tinha dado entrada na Casa da Moeda, no outro já tinha dado entrada) ela respondeu, que bastava a funcionária ter clicado um digito errado para obter uma informação errada.
Erro humano, pois...
Última surpresa do dia: ao chegar a casa, e ao abrir o computador, tinha um Mail da Presidência do Conselho de Ministros (?!), a confirmar que tinham recebido a minha queixa, entregue duas horas antes na Loja do Cidadão. O "sistema" foi alertado, pensei cá para os meus botões. A "Loja" pode não funcionar, mas a Conselho de Ministros está "atento".
Conselho aos cidadãos deste país: quando entrarem numa Loja que ostente o seu nome, tenham medo, muito medo...

2009/04/08

As barracas de Berlusconi

O terramoto que ocorreu na zona de Abruzzo e deixou a cidade de L'Aquila destruída causou, segundo os últimos números, cerca de 260 mortos, 1 000 feridos e 28 000 desalojados. Será de cerca de 50 000 o número de edifícios destruídos. Em L'Aquila, testemunhos referidos pela BBC, dão conta que os habitantes estão em estado de choque pela perda de tantos dos seus entes queridos.
Segundo os jornais, o primeiro ministro italiano pede às vítimas do terramoto que encarem a presente situação que estão a viver como se se tratasse de "um fim de semana de acampamento"...
Estou certo que haverá entre os "campistas" muitos apoiantes do senhor Berlusconi que agora lamentam a escolha.