2016/07/10

O Homem da Cadeira (isto anda tudo ligado...)


Na mesma semana que a Goldman Sachs anunciava a nomeação de Durão Barroso para o lugar de "chairman", eram publicadas, em Londres, as conclusões do inquérito da comissão "Chilcot", sobre o envolvimento britânico na invasão do Iraque, um relatório devastador para Toni Blair, o principal apoiante europeu da guerra de 2003. Por coincidência, nesta mesma semana, dois atentados bombistas voltaram a matar centenas de civis, em Bagdad, numa guerra civil que dura há mais de13 anos naquele país.
Ainda que, à primeira vista, estes acontecimentos tenham pouco em comum, a verdade é que a invasão do Iraque (baseada numa mentira) teve a cumplicidade de diversos governos europeus, entre os quais o inglês (o principal aliado americano no conflito) e o português, à época dirigido por Barroso, hoje "chairman" do maior banco mundial de investimentos.
Sobre o conflito do Iraque, já tudo foi escrito e publicado. O relatório "Chilcot" apenas confirma o que já se sabia, agora de forma mais imparcial e objectiva.
Treze anos e mais de 600.000 mortos depois, o Iraque transformou-se num "atoleiro", donde ninguém parece sair vivo, tantos e clamorosos erros foram, desde então, cometidos. A começar pela destruição dos principais pilares do estado (tribunais, polícia e exército) logo após a invasão, dirigida e coordenada pelos EUA e seus aliados. A guerra de resistência (contra os americanos primeiro) e entre as diversas facções iraquianas (mais tarde), aprofundou as divisões étnicas entre as maiores comunidades do país (curdos, sunitas e shiitas), tendo expulso mais de 2 milhões de habitantes para os países limítrofes, num dos maiores êxodos da última década. É entre esta população de desenraizados, que os movimentos terroristas do Al Qaeda e do Daesh, recrutam a maior parte dos seus militantes, hoje também espalhados pela Líbia, pela Síria e pela Turquia.
Um desastre humano, social e económico, regional e internacional, cujas ondas de choque continuam a fazer-se sentir na Europa e noutros continentes, como os recentes atentados nas principais capitais do Ocidente nos lembram todos os dias.
Esta é a "herança" de Bush, Blair, Aznar e Barroso, o "quarteto dos Açores",  que anunciou a Guerra ao Mundo e cujos principais responsáveis nunca foram levados a um Tribunal Internacional, onde deviam ser julgados por crimes de guerra (por alguma razão os EUA não são membros do TPI, em Haia). Sobre Blair, sabemos hoje que chorou (!?) ao conhecer as conclusões do relatório inglês, enquanto Barroso (o mordomo das Lajes) foi, mais uma vez, recompensado. Já tinha ido para Bruxelas, agora vai para Londres, sentar-se na cadeira de director não executivo.
Nada que nos espante. Os oportunistas, nunca perdem uma oportunidade e "cadeiras" sempre foram a sua paixão. Todos estarão lembrados dos móveis, "desviados" da Faculdade de Direito durante o PREC, pelo camarada Barroso, ao tempo militante do MRPP. Ele há paixões que duram uma vida...