2009/12/24

Política à Portuguesa

A questão do casamento homossexual ameaça transformar-se numa bomba política que vai escaqueirar tudo, bombistas e vítimas da bomba.
A aposta no tema do casamento homossexual parecia ganha para o PS. Cavaco Silva, com aquele seu habitual agudo sentido político, reforça a vitória e faz o enorme favor aos socialistas de afirmar que havia coisas mais importantes na vida dos portugueses. Ao fazer estas declarações neutralizou o potencial de conflito deste tema e o PS viu uma bomba capaz de lhe explodir nas mãos ser neutralizada pela figura que dela podia tirar maior partido político. A malta tem mais em que pensar, terá pensado Cavaco, e serão os próprios portugueses que com a sua indiferença farão o favor de neutralizar este maçador problemazinho. Os portugueses acharão que isto não passa de... mariquices e remetê-las-ão para o armário de onde saíram, terá pensado sua excelência.
Puro engano! Um movimento de cidadãos conseguiu reunir as 75 000 assinaturas necessárias para levar esta questão à AR e o assunto vai mesmo ser discutido. Ainda por cima, este movimento inclui até gente da zona do PS. Cá para mim, o Freeport, a licenciatura do Primeiro Ministro, etc, são bombinhas de carnaval comparadas com esta bomba!
O casamento homossexual ameaça assim fazer muito mais mossa do que os diferentes agentes políticos queriam ou previam que iria fazer.
Resultado: o PS viu este vulcão, que ia borbulhando mansamente na agenda política do país, entrar de novo em violenta erupção. No meio disto, o PR (e, já agora, a Igreja Católica que deixa cair a sotaina, desenterrando, ao referir-se a este assunto, linguagem da Inquisição...) vai ter de explicar a toda esta gente onde é que está a importância dos outros problemas que referiu nas suas declarações. Pelos vistos, para umas largas dezenas de milhar de portugueses, desemprego, défice, sobreendividamento, etc, são problemas de lana caprina comparados com o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
E assim vamos vivendo...

2009/12/23

Hot Clube

Lamentar um incêndio, num prédio parcialmente devoluto, seria banal não fora nesse mesmo prédio estar alojado (há 60 anos!) o mais famoso e emblemático espaço de "jazz" de Lisboa. Foi ontem, de madrugada, e podia ter sido há anos atrás, tantos quanto o imóvel esteve abandonado. Para já, o "jazz" deve continuar no S. Jorge, ao virar da esquina, que chegou a ser uma das melhores salas de cinema de capital e que, nos últimos anos, não passa de uma "barriga de aluguer" sem qualquer critério de programação ou gosto definido.
Resta-nos desejar um rápido regresso do "Hot" ao seu lugar de origem, se possível ocupando todo o edifício com actividades ligadas ao "jazz", pois é essa a sua vocação natural. Os melómanos agradecem e a capital ficará certamente mais rica com uma sala a condizer. Se há dinheiro para as acrobacias do "Red Bull" também tem de haver meios para a reconstrução da "escola", não é verdade? Se fôr preciso, faz-se uma petição. Com baixo-assinado e tudo.