O Tango, em tanto que género musical, foi hoje considerado pela UNESCO património intangível da humanidade.
Uma notícia encorajadora para a candidatura do Fado a certificação semelhante, decisão que será conhecida no primeiro semestre do próximo ano. Independentemente do resultado, o mais importante é o trabalho de levantamento e classificação que vem sendo feito pela comissão portuguesa criada para o efeito, a qual reuniu um espólio documental e de gravações inéditas, até há bem pouco tempo completamente desconhecidas. E isso, em si, é bem mais importante.
2009/10/01
The Yellow Submarine
Não é bem o contrato da compra dos submarinos que desapareceu. O que desapareceu é o contrato de financiamento. As contrapartidas. Qualquer coisa como 30 milhões de euros. Estão a perceber?
2009/09/30
Novos agentes de estabilidade
Os argumentos invocados pelo PR e pelo PS para a instauração deste conflito, se forem analisados com cuidado, indicam que ambas as partes têm razão. O PR reclama que houve uma manobra para o "encostar" ao PSD, uma iniciativa que parece de facto estranha vinda da parte do partido do governo. Mas, a verdade é que o PR andou feito ventríloquo (cf. este meu post) soprando deixas à líder da oposição e a figuras do seu universo para fazer chegar o recado ao destinatário. Lembram-se concerteza do período do "realismo cavaquista", quando se falava da fantasia dos números, do governar para a estatística, etc. E lembram-se certamente que já na altura o PM se insurgia contra a "política do recado".
O que mais aflige em tudo isto é o nível a que chegou o confronto político, a noção algo transviada que os mais altos dignitários portugueses têm do primado de Portugal sobre os seus interesses e agendas e os meios de que se socorrem para prosseguir este confronto.
Todo esta "rixa" -- a sugerir noites brancas transformadas em noites rosa...-- prova bem que as alternativas que se nos colocam são falsas, ninguém parece estar à altura das exigências e o que precisamos é, de facto, de um novo figurino para a democracia portuguesa porque este, está provado, fede. As eleições de domingo passado já não contam.
Temos de inventar um regime novo.
Não se pode invocar constatemente a estabilidade e continuar a funcionar num quadro político que só produz instabilidade. E não se pode usar a palavra estabilidade quando o que se pretende é apenas entalar o adversário político. Os portugueses merecem mais e sabem disso!
Procuram-se novos agentes de estabilidade.
2009/09/29
2009/09/28
O que esta votação quis dizer
A maioria absoluta do PS nas eleições de 2005 foi alcançada porque uma maioria absoluta de portugueses queria, de facto, reformas em muitas áreas da nossa vida colectiva. Estou certo de que mesmo gente que votou nos outros partidos teria igual desejo. Há um desígnio comum, difuso, mas muito amplo e real.
O PS pareceu a muitos de nós capaz de, sob o comando de José Sócrates, levar por diante este projecto. O discurso de tomada de posse do primeiro ministro foi um primeiro sinal de que as expectativas geradas iriam encontrar eco nas políticas do governo. O governo PS teve todas as condições para fazer aquilo para que os seus apoiantes o mandataram. A maioria absoluta foi a expressão deste impulso colectivo, empolgante e necessário.
O desfecho deste episódio não foi, como sabemos, o melhor...
O resultado das eleições de ontem foi uma clara demonstração de que 1) os eleitores continuam interessados nestas reformas e 2) os eleitores perceberam que aquela maioria absoluta infectou o PS.
O PS perdeu o mandato inequívoco que lhe foi conferido em 2005. O PS perdeu!
E terá novos dissabores se continuar a olhar para o umbigo e se se esquecer que o tombo de ontem não foi maior porque há uma percentagem significativa de gente, que lhe deu o voto em 2005, que ainda pensa --legitimamente, ou não, não interessa-- que não houve tempo para cumprir o programa e decidiu dar-lhe, por mais esta vez, o benefício da dúvida.
Privado dos ingénuos que lhe deram o voto em 2005 e de muitos qua ontem teimaram em acreditar ainda na possibilidade de cumprir o programa de 2005, o PS estaria hoje ao nível do CDS-PP.
Ontem, todos os partidos subiram. Todos, até mesmo, pasme-se!, o partido da inimaginavelmente inapta M. Ferreira Leite!. Até o MRPP subiu e vai passar a beneficiar dessa subida...
Só o PS desceu.
O que esta votação quis dizer foi a reafirmação da necessidade das reformas.
O que esta votação quis dizer é que os partidos vão ter de se entender e a solução a solo não funcionou, nem pode funcionar se prevalecerem dentro dos partidos, sejam quais forem, interesses egoistas.
O que esta votação quis dizer é que os eleitores estão mais atentos do que julgavam alguns políticos e observadores medíocres da coisa pública.
O que esta votação quis dizer é que as agendas políticas dos partidos são todas legítimas e são todas para ter em conta, para discutir e dissecar com seriedade, sem ambiguidades, sem manobras manhosas e abertamente.
O que esta votação quis dizer é que uma certa forma de fazer "política", cerzida, frequentemente, na calúnia, no desrespeito, no golpe baixo, na arrogância, na grosseria e no interesse mesquinho, acabou.
O que esta votação quis dizer é que não é possível continuar a deixar que se confunda o governo da Nação com associações de defesa de interesses corporativos, de classe, de actividade económica ou de outra qualquer natureza.
O que esta votação quis dizer é que os responsáveis políticos do país têm de se entender, abandonar este estilo trauliteiro de resolver os nossos problemas colectivos e aprender a respeitar os interesses dos diferentes sectores da sociedade, tentando conciliá-los para bem da sociedade no seu conjunto.
O que esta votação quis dizer é que não há sectores da sociedade portuguesa virtuosos por direito divino, enquanto outros são pecadores contumazes por acção do demónio.
O que esta votação quis dizer é que a ingovernabilidade começa nos próprios políticos que confundem serviço público com o servir-se do público.
Quanto a mim, foi uma nova era que se iniciou ontem. Quem não percebeu isso está condenado a um ocaso político rápido. Chamem-me optimista, mas o futuro apresenta-se agora mais promissor.
O PS pareceu a muitos de nós capaz de, sob o comando de José Sócrates, levar por diante este projecto. O discurso de tomada de posse do primeiro ministro foi um primeiro sinal de que as expectativas geradas iriam encontrar eco nas políticas do governo. O governo PS teve todas as condições para fazer aquilo para que os seus apoiantes o mandataram. A maioria absoluta foi a expressão deste impulso colectivo, empolgante e necessário.
O desfecho deste episódio não foi, como sabemos, o melhor...
O resultado das eleições de ontem foi uma clara demonstração de que 1) os eleitores continuam interessados nestas reformas e 2) os eleitores perceberam que aquela maioria absoluta infectou o PS.
O PS perdeu o mandato inequívoco que lhe foi conferido em 2005. O PS perdeu!
E terá novos dissabores se continuar a olhar para o umbigo e se se esquecer que o tombo de ontem não foi maior porque há uma percentagem significativa de gente, que lhe deu o voto em 2005, que ainda pensa --legitimamente, ou não, não interessa-- que não houve tempo para cumprir o programa e decidiu dar-lhe, por mais esta vez, o benefício da dúvida.
Privado dos ingénuos que lhe deram o voto em 2005 e de muitos qua ontem teimaram em acreditar ainda na possibilidade de cumprir o programa de 2005, o PS estaria hoje ao nível do CDS-PP.
Ontem, todos os partidos subiram. Todos, até mesmo, pasme-se!, o partido da inimaginavelmente inapta M. Ferreira Leite!. Até o MRPP subiu e vai passar a beneficiar dessa subida...
Só o PS desceu.
O que esta votação quis dizer foi a reafirmação da necessidade das reformas.
O que esta votação quis dizer é que os partidos vão ter de se entender e a solução a solo não funcionou, nem pode funcionar se prevalecerem dentro dos partidos, sejam quais forem, interesses egoistas.
O que esta votação quis dizer é que os eleitores estão mais atentos do que julgavam alguns políticos e observadores medíocres da coisa pública.
O que esta votação quis dizer é que as agendas políticas dos partidos são todas legítimas e são todas para ter em conta, para discutir e dissecar com seriedade, sem ambiguidades, sem manobras manhosas e abertamente.
O que esta votação quis dizer é que uma certa forma de fazer "política", cerzida, frequentemente, na calúnia, no desrespeito, no golpe baixo, na arrogância, na grosseria e no interesse mesquinho, acabou.
O que esta votação quis dizer é que não é possível continuar a deixar que se confunda o governo da Nação com associações de defesa de interesses corporativos, de classe, de actividade económica ou de outra qualquer natureza.
O que esta votação quis dizer é que os responsáveis políticos do país têm de se entender, abandonar este estilo trauliteiro de resolver os nossos problemas colectivos e aprender a respeitar os interesses dos diferentes sectores da sociedade, tentando conciliá-los para bem da sociedade no seu conjunto.
O que esta votação quis dizer é que não há sectores da sociedade portuguesa virtuosos por direito divino, enquanto outros são pecadores contumazes por acção do demónio.
O que esta votação quis dizer é que a ingovernabilidade começa nos próprios políticos que confundem serviço público com o servir-se do público.
Quanto a mim, foi uma nova era que se iniciou ontem. Quem não percebeu isso está condenado a um ocaso político rápido. Chamem-me optimista, mas o futuro apresenta-se agora mais promissor.
Sacanas sem Lei
...é o título da última obra-prima de Tarantino, provavelmente o seu melhor filme à data. Optei por assistir à sua projecção enquanto aguardava pelos resultados eleitorais. Aventura magnífica, baseada numa ficção do autor, onde as citações, à história e personagens marcantes do cinema americano, são constantes. Para além do bom argumento (a good story, is a good story) realce para as magníficas interpretações de todos os actores, a excelente música - sempre soberba nos filmes de Tarantino - e a emoção (film is emotion) que, mais uma vez, é total.
Sem emoção, decorreram as eleições que, à excepção dos resultados do CDS, não provocaram grande "frisson". Como se esperava, o PS (ganhando) perdeu a maioria; o PSD (perdendo) nunca conseguiu arrancar da "pole position"; o BE mantendo o seu crescimento sustentado e a CDU que, mesmo descendo duas posições, subiu em votos e em deputados. Ou seja, perderam os partidos do "bloco central" e ganharam os partidos mais à direita e à esquerda do hemiciclo. Também aqui, poucas surpresas.
Difícil, mesmo, prevê-se a constituição do próximo governo que, não permitindo grandes variantes, pode durar ainda menos tempo do que a legislatura. De fora, parecem ficar as soluções PS/PSD e PS/BE/CDU. Restam, quanto a nós (politólogos de bancada) duas alternativas: um governo minoritário do PS, com acordos pontuais no parlamento; um governo de coligação PS/CDS, que garanta a maioria.
Importante neste cenário, poderá ser a posição de Cavaco Silva, cujas declarações aguardadas a qualquer momento, podem destabilizar todos os cenários propostos.
Uma coisa, no entanto, parece certa: os sacanas do costume, estarão agora mais escrutinados e não poderão continuar impunemente acima da lei.
Sem emoção, decorreram as eleições que, à excepção dos resultados do CDS, não provocaram grande "frisson". Como se esperava, o PS (ganhando) perdeu a maioria; o PSD (perdendo) nunca conseguiu arrancar da "pole position"; o BE mantendo o seu crescimento sustentado e a CDU que, mesmo descendo duas posições, subiu em votos e em deputados. Ou seja, perderam os partidos do "bloco central" e ganharam os partidos mais à direita e à esquerda do hemiciclo. Também aqui, poucas surpresas.
Difícil, mesmo, prevê-se a constituição do próximo governo que, não permitindo grandes variantes, pode durar ainda menos tempo do que a legislatura. De fora, parecem ficar as soluções PS/PSD e PS/BE/CDU. Restam, quanto a nós (politólogos de bancada) duas alternativas: um governo minoritário do PS, com acordos pontuais no parlamento; um governo de coligação PS/CDS, que garanta a maioria.
Importante neste cenário, poderá ser a posição de Cavaco Silva, cujas declarações aguardadas a qualquer momento, podem destabilizar todos os cenários propostos.
Uma coisa, no entanto, parece certa: os sacanas do costume, estarão agora mais escrutinados e não poderão continuar impunemente acima da lei.
2009/09/27
Prognósticos Finais
Ao fim de treze anos de "jejum" fui hoje, de novo, votar.
Gostei do que vi: centenas de pessoas em longas filas de espera, aguardando a sua vez de cumprir o ritual.
Se as sondagens não falharem, teremos uma grande afluência às urnas e uma vitória, mais ou menos folgada, do partido do governo. De acordo com o meu "trabalho de campo", levado a cabo em supermercados da zona, padarias, farmácia, quiosque de jornais e junto de moradores do bairro (acamados incluidos), o resultado das eleições de hoje deve andar próximo deste:
PS: 35%
PSD: 32%
BE: 10%
CDU: 9%
CDS: 7%
MEP: 2%
MMS: 1%
Outros: 2%
Brancos: 2%
A margem de erro é enorme. A ingovernabilidade seria total. Mas, não deixava de ter graça...
Gostei do que vi: centenas de pessoas em longas filas de espera, aguardando a sua vez de cumprir o ritual.
Se as sondagens não falharem, teremos uma grande afluência às urnas e uma vitória, mais ou menos folgada, do partido do governo. De acordo com o meu "trabalho de campo", levado a cabo em supermercados da zona, padarias, farmácia, quiosque de jornais e junto de moradores do bairro (acamados incluidos), o resultado das eleições de hoje deve andar próximo deste:
PS: 35%
PSD: 32%
BE: 10%
CDU: 9%
CDS: 7%
MEP: 2%
MMS: 1%
Outros: 2%
Brancos: 2%
A margem de erro é enorme. A ingovernabilidade seria total. Mas, não deixava de ter graça...
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