2008/07/11

Vigilância electrónica

O Senado dos EUA acaba de aprovar uma nova lei de vigilância electrónica, muito controversa e restritiva, que suscitou um debate acalorado naquele país sobre as liberdades individuais. O mais interessante é que Bush consegue, finalmente depois de grandes esforços, fazer passar uma lei deste tipo, já na fase do seu perigeu político (quando terá sido o apogeu...?), e num momento em que o Senado é dominado por Democratas. Que esperar de uma presidência democrata que aí possa vir?
Os apertos e as constrições de todo o tipo parecem ser a única resposta que os políticos encontram para os problemas deste mundo, que caminha em imparável trânsito para um paradigma diferente. Já há muito tempo que não se via um ataque tão forte aos direitos civis duramente conquistados ao longo dos anos. As tentativas são várias e ocorrem em todas as latitudes. Neste aspecto, parece que voltamos, por vezes, aos tempos da barbárie. Os pregoeiros da "civilização ocidental" parecem esquecer os valores mais importantes em assentou a sua construção.
Por cá, apesar das tentativas várias em reeditar tempos de antigamente, claro que Pinto da Costa e Valentim Loureiro, esses grandes defensores das liberdades individuais, ainda podem sonhar em reclamar a ilegalidade das escutas telefónicas, com base nas quais os respectivos processos foram construídos...

2008/07/06

Percepções; sobrevivência e sonho

Anotei esta citação que acho fazer sentido partilhar agora:

«Aldous Huxley believed that our brains have been trained during the evolutionary millennia to screen out all those perceptions that do not directly aid us in our day to day struggle for existence. We have gained security and survival, but in the process have sacrified our sense of wonder.» (*)

J. G. Ballard, no Prefácio de "The Doors of Perception" (As portas da percepção) por Aldous Huxley.

(*) «Aldous Huxley acreditava que o nosso cérebro foi treinado durante a sua milenar evolução para desprezar todas as percepções que não servem para nos ajudar directamente na nossa luta do dia a dia pela existência. Ganhámos em segurança e sobrevivência, mas, nesse processo, sacrificámos o nosso sentido do sonho.»

Será isto verdade? A avaliar pela actual incapacidade (quase) generalizada de solidariedade, pelo actual desprezo pelas ideologias e pela imparável ganância que por aí grassa, é.