2007/05/10

Mais do mesmo?

A actual governação da Câmara Muncipal de Lisboa foi, finalmente, dissolvida. Uma boa notícia. Também foram anunciadas as eleições intercalares, que terão de decorrer no prazo de sessenta dias. Até aqui tudo bem.
Curiosamente - ou talvez não - os primeiros candidatos a apresentarem a sua disponibilidade, foram dois "independentes" (o que quer que isso signifique): Carmona Rodrigues, o engenheiro destituido e Helena Roseta, a arquitecta demissionária. Uma confirmação e uma surpresa. Nenhum deles parece ser um "peso pesado" e, sem os aparelhos partidários a apoiá-los, dificilmente conseguirão atingir os seus objectivos. Os partidos de "esquerda" irão, ao que tudo indica, separados e, os da "direita", também. Se, aos nomes conhecidos (Rúben de Carvalho pelo PCP e José Sá Fernandes pelo BE) juntarmos o dos candidatos do PS e do PSD (por anunciar) são já seis os potenciais candidatos. Ainda falta um candidato do CDS e já é conhecida a vontade de Fontão de Carvalho (ex-vereador) e de Manuel Monteiro (PND) em participar no escrutínio. E vão nove! Daqui até ao fim do prazo, para apresentar as candidaturas, mais candidatos reais ou virtuais vão aparecer. É bom haver tanta escolha. Não nos parece que algum deles tenha qualquer hipótese. Quando aparecerem os nomes dos partidos maiores (PS e PSD) perceberemos melhor quem tem mais possibilidades. O problema é que são estes partidos os principais culpados da "bagunça" em que se tornou Lisboa. Os lisboetas têm aqui uma boa oportunidade de inverter o rumo das coisas. Caso isso não aconteça, arriscamo-nos a ter mais do mesmo na martirizada capital do país.

Fait-divers antixenófobo

Vá lá mais uma pequena achega contra a xenofobia, suscitada por um brevíssimo diálogo ao balcão nesta Lisboa que está a ser de novo a "das muitas e desvairadas gentes". A empregada brasileira, ainda jovem, em comentário às trivialidades sobre os caprichos do tempo, afirmou que o clima já não era como antigamente, pois passámos em escassos dias do Inverno para o Verão, sem experimentar a Primavera. Achei delicioso este "já não é como antigamente", proferido com a naturalidade de quem se sente de aqui, como se aqui tivesse nascido ou aqui vivesse há longos anos. E isto fez-me sorrir e sentir como esta terra pode e deve acolher mais imigrantes (criando condições dignas para tal, evidentemente), em reforço da ideia que a miscigenação, a mestiçagem foi e continuará a ser um dos trunfos genéticos - muitas vezes esquecido - deste país . Bem-vindos, pois! Quanto a essa rapaziada que por aí anda com ideias rapadas e cruz gamada tatuada no corpo e no paupérrimo espírito, boa viagem até, por exemplo, à Antárctida, sem ofensa para os que lá trabalham sazonalmente e para os animais que lá vivem...