2012/08/21

Os coletes do Macedo

O Ministro da Administração Interna lá conseguiu "descobrir" 600 000 euros para gastar em coletes de protecção para a polícia. Durante a pomposa cerimónia de entrega dos preciosos acessórios, declarou que "o dinheiro pode faltar para tudo, mas não para isto."
Aproveitou a ocasião para lamentar também a falta de condições de trabalho da polícia, esquecendo por certo o mais de 1 milhão de desempregados que gostariam, estou em crer, de ter trabalho, qualquer trabalho, com ou sem condições.
As palavras de Miguel Macedo são repugnantes. Mostram uma criatura que não está à altura do cargo que desempenha. Mais um neste extenso rol de criaturas que vêm ocupando o poder em Portugal.
Não há justificação que se possa aceitar para transformar as polícias em excepção nesta altura de apertos orçamentais. A contradição entre a narrativa oficial corrente e actos como este é flagrante.  Não é fácil perceber para que serve tanto colete.
Se, como parece, a situação do país não é muito diferente, em matéria de segurança, do que tem sido até aqui, o reforço das polícias, do contingente, dos meios e das condições laborais, só pode, pois, querer dizer uma de três coisas: que 1) vem aí mais pilhagem e a cordita poderá não aguentar ou 2) o melhor é estar de bem com os homens do cassetete, não se vão eles lembrar um dia destes que também são vítimas desta política do governo ou, finalmente, 3) os cidadãos são brandos, mas nunca fiando: se tiverem alguma remota vontade de se indignarem com o esbulho de que estão a ser vítimas o governo está subtilmente a recordar-lhes: temos coletes!
Tudo isto é fraco, triste, desesperante! Os coletes com que brindou os polícias deviam ter sido distribuídos por Miguel Macedo aos cidadãos. A insegurança que este governo suscita nos cidadãos é total.