2008/04/18

Menezes

Acreditar que a demissão de Menezes pode salvar o PSD da crise em que o partido caiu, depois da fuga de Durão e do desastre de Lopes, é não perceber que, desde então, o PS ocupou o espaço político dos sociais-democratas. São as políticas de direita de Sócrates que inviabilizam o regresso do PSD ao lugar de partido de oposição. Não há lugar para dois partidos ocuparem o centro. Por isso, eles são tão iguais. Na dúvida, os eleitores preferem o "menos mau".

2008/04/17

O "Testa de Ferro"

José Faria, ex-motorista de Avelino Ferreira Torres, deu uma entrevista à televisão portuguesa, digna das melhores histórias sicilianas. Disse o homem que receava pela sua vida e por isso tinha-se refugiado no Brasil, pois sabia demais e já tinha havido uma tentativa de "calá-lo". Para melhor ilustrar a sua tese, mostrou a boca, desdentada, onde podiam notar-se as marcas de uma alegada agressão. É possível. Depois de ver os impropérios e ameaças do ex-autarca de Marco de Canaveses, no tribunal onde está a ser julgado, diria mesmo mais: é bastante provável.
Temos pois, aqui, todos os ingredientes necessários a uma boa história de "omertá": numa pequena cidade do Portugal profundo, um cacique local domina a seu belo prazer, enquanto compra o "silêncio" dos seus apaniguados através de pequenas mordomias. O clientelismo, na sua forma mais larvar. Como as relações de patrocinato são sempre assimétricas, o protegido aceita as condições do patrono, a troco de protecção. O sistema funciona, enquanto o "eleito" puder distribuir mordomias. Um jantar aqui, uma festa acolá, viagens ao estrangeiro, favorecimento nos pequenos negócios da terra, aprovação de construção em terrenos interditos, são alguns dos exemplos de que as nossas autarquias estão cheias...
Em troca, o "padrinho" exige fidelidade absoluta e utiliza o "intermediário" para fazer negociatas em seu nome. Chama-se a isto um "testa de ferro". José Faria era o "testa de ferro" de Avelino Torres.
O pior foi quando este último perdeu a Câmara de Marco e, depois de uma tentativa falhada para conquistar a Câmara de Amarante, foi acusado de diversos crimes, pelos quais está hoje a responder perante a justiça. Nessa altura, o ex-motorista perdeu a protecção. Como parece não ter grande jeito para negócios e ainda por cima começou a dar com a "língua nos dentes", foi aconselhado a mudar-se para o Brasil. Lá tratavam dele. O home acreditou e hoje não tem dentes. Mas tem língua e por isso já declarou querer falar em tribunal, desde que sob protecção policial. Já vi este filme em qualquer lado, mas a história é sempre boa. Porque não adaptá-la ao cinema? Como os "Sopranos", por exemplo...

2008/04/14

Glossário ultra rápido do boyísmo (1)

Este glossário não respeita ainda as regras do acordo ortográfico, segue a sina antiga do p em óptimo e do c de gaita em facto, assumindo no entanto o y de boy sem receio de quem, sendo pelo ph, tenha, de há muito, optado por ser habitante de uma solidão elitista vocabular, em Ortugal (queda involuntária do P que, como na anedota do lete e do cafei, fugiu para Pespanha) e se decida pela agressão verbal contra o precário autor destas notas, um zé ninguém.
No país dos boys é óbvio (em breve obio) que boy e não boi prevalece dado que boi pertence manifestamente ao léxico taurino (tauino após a previsível queda do r de cornos, conos no âmbito acordado, coisa feia e não existente, que se grafará dentro de cinco anos istente).
Porctanto vejamos:
1. O Y distingue o boy do boi. O primeiro fala portinglês e o segundo fala à quarta classe antiga sendo mais clarividente e sensato que o primeiro. É porctanto comum e precvisível ouvir o boy dizer performance como flop como spréde como self made woman assim como nunca usa a expressão fast thinking apesar de portinglesa.
2. O verdadeiro boy usa gel e não usa chapéu. Normalmente o gel é da cor do nó da gravacta ou vice-versa.
3. O boy é de código genético um vice que sonha permanentemente com a oportunidade de ser um primeiro e que, logo que possa, mata o parceiro para lá chegar. Nos cromossomas traz um bafejo cheirando a nabos, a humildade dos nascidos remediados toscos numa beira alta ou baixa e gosta de n coisas caras nomeadamente de sonhar aristocrata turbo.
4. O boy é politicamente correcto pela frente e ladrão por detrás, chegando a vendar o pai, a mãe ou os irmãos. É muito comum não falar com a irmã mais velha por causa da quarta classe antiga dela.
5. O boy é centrista para os dois lados.
6. Os boys crescem como erva daninha.
7. Um boy pêessedê é muito diferente de um boy pêesse. O boy pêessedê consegue ser mais moderno, usar outro tipo de gel e o boy pêesse é mais ligado às sondagens e a perfumado de fresco.
8. Os boys detestam-se e chamam-se boys uns aos outros, depreciativamente, com o ânimo exaltado dos que afirmam o direito à indignação.
9. Há o grande boy de conselho de administração e há o pequeno boy para-autárquico. É comum que o último, depois de sete anos de nojo, chegue a um conselho privado de administração empresarial local ou mesmo público.
10. A história dos boys remonta à introdução do vinho do Porto nas encostas soalheiras do Douro aquando da chegada dos ingleses que nos descobriram assim como nós descobrimos os indianos da Índia. Nessa altura a palavra boy significava rapaz e não rapace, sentido actual do termo. O que os foi unindo na classe dos boys – o sindicato é clandestino – foi a defesa do mesmo princípio relativo à comissão: comissão para cá ou nada feito é a expressão que mais se ouve sempre que se fala de fazer qualquer coisa em que entrem dinheiros públicos. O boy nunca fez nem fará nada de próprio porque ele é, como diz Agamben, o pequeno burguês planetário, o que tudo aposta na indiferenciação indistinta. O boy age sempre na sombra e por conta própria. O boy é mais perigoso que o boi mesmo quando este é da lezíria.
É por estas razões que não gosto dos boys e gosto dos bois.
Finalmente o boy é um AMELO.

(1) Este glossário assume de modo vanguardista uma nova ordem alfabética atirando claramente o a de A para o fim das letras e assumindo o y de boYísmo como a letra Um.

Novo membro

Uma rápida nota de boas vindas ao FLeao, novo membro do Face .

Com genitais não se brinca

Ainda não foi desta que o homem mordeu o cão, mas o cão já mordeu o homem e logo nas suas partes mais sensíveis. Este é o teor da notícia que a comunicação social, televisão incluída, transmitiu este fim-de-semana.
Depois de terem sido achincalhados na praça pública, ao longo das últimas semanas, os "pitbulls" resolveram passar ao contra-ataque. Nada que não tivéssemos previsto.
Lá pôr-lhes o açaime ou prendê-los a uma trela, ainda vá que não vá. É nisso que um cão se distingue de um humano. Mas, castrá-los, impedindo-os de procriar e de ter algum prazer na curta vida que levam desta terra, já é demais.
E se assim "pensaram", melhor o fizeram. Foi um "pitbull", como podia ter sido um "rottweiler". Agora que têm a fama, também devem ter o proveito. Assim como assim, não vão desta para melhor sem fazerem sentir aos seus donos e amigos que com genitais não se brinca.
Pelos vistos, a "mensagem" passou. À cautela, a testemunha do caso, quando interrogada pela televisão, optou por falar de cara tapada. Ele lá saberá porquê...