Há um caso nesta representação olímpica portuguesa que merece um comentário especial. Trata-se da jovem Vanessa Fernandes. Cativou-nos a todos pela sua tenacidade e pelas suas qualidades desportivas. Cativou-nos a simplicidade, a humildade e até uma certa descontracção. Os peritos viram nela as "caracterísicas genéticas" para o desporto que pratica. O comum dos mortais terá visto tão somente a raça do campeão, a capacidade de concentração, o empenho e a tenacidade para se bater até ao fim, mesmo em circunstâncias totalmente adversas, qualidades que só uma escassa elite parece ser capaz juntar. É desta massa que se fazem os heróis do desporto. É desta massa que se podem extrair os exemplos motivadores e orientadores das gerações futuras.
Pensavámos nós, pensava eu.
Até a ouvir falar ontem dos seus companheiros, parceiros da delegação portuguesa olímpica, atletas como ela, e como ela membros da selecção olímpica. A raça caiu e ficou a desgraça de ter de ouvir a opinião intempestiva, oportunista, totalmente despropositada, ilegítima (a atleta não é "autoridade" olímpica e não tem que mandar palpites sobre assuntos que não são da sua competência). Permanecerá, para todos os efeitos, o eco de uma opinião --seguramente injusta por se tratar de uma generalização abusiva-- que soa a intriguisse feita com linguinha de prata...
Num breve momento o brilho da atleta empalideceu. A Vanessa perdeu uma soberana ocasião para estar calada e mostrou, quiçá, de que massa será afinal, de facto, feita.
2008/08/19
Pequim que te quiero tanto...!
Estes Jogos Olímpicos ameaçam tornar-se nos Jogos da Discórdia para os nossos agentes desportivos e autoridades responsáveis envolvidos nesta operação. A fasquia (embora não tivéssmos saltadores em altura ou com vara...) era elevada, mas creio que já se pode dizer com segurança que a maior delegação de sempre aos JO foi protagonista do maior fiasco de sempre na história das participações portuguesas nesta prova.
Aos sorrisos postiços e às cerimónias engalanadas que precederam a partida da "delegação" ameaça agora suceder-se a fase do lavar de roupa suja.
Os atletas terão algumas (algumas!) culpas no cartório. Pela forma como alguns, em certos casos, terão aparentemente encarado esta sua participação, por algumas declarações feitas e pela sua prestação objectiva. Mas, os atletas não têm valor nesta equação e o seu verdadeiro pecado é apenas um: são ingénuos em terra de espertalhões. Quando aqui há tempos denunciaram as condições miseráveis em que trabalham foram imediatamente tratados como se estivéssemos em regime de escravatura e aceitaram. Agora não se podem queixar.
Só o fascínio de poder ir assistir aos Jogos à borlex, num país distante e "exótico", poderá explicar a docilidade de uns quantos... Mas, as reacções veementes de uns quantos não iludem a realidade.
A verdade está noutra ponta deste novelo. Em Portugal os dirigentes desportivos portugueses são o que são, os "comités", as "ligas", as "federações", as "associações desportivas" e os "clubes" que "dirigem" são o que são e os responsáveis governamentais pela área desportiva têm tanta ideia sobre o papel que o desporto deve desempenhar na sociedade portuguesa como eu falo swahili...É pela voz dos próprios governantes, na circunstância, o inenarrável Secretário de Estado da Juventude e Desporto, que ficamos a conhecer a verdadeira natureza do poder. Ficamos a saber, pelo despropósito e profunda mesquinhez das suas declarações, em que mãos desgraçadamente nos encontramos. Este Secretário de Estado da Juventude e do Desporto provou, com estas declarações, que o seu corpo também já está há muito a pedir "caminha".
E depois há Portugal. Um país sem rumo, sem estratégia, reino do mais feroz egoísmo, dirigido por incapazes. Um país que é pasto de todos os oportunismos possíveis, que beneficiam da sacrossanta regra da vista grossa. Onde os que não sabem nos ensinam --nas escolas, nos orgãos de comunicação, etc-- e os que sabem, ou se baldam ou vão fazer a vidinha para outro lado. O país dos des-responsáveis!
O desporto não poderia pois, nestas circunstâncias, ser uma ilha. Não é um fenómeno que pudesse evoluir completamente à margem da realidade do país que somos. O que esperar então do desporto nacional quando a matriz de onde provém é esta? Recordes e medalhas? Tenham juízo...!
A "guerra" das declarações e contra-declarações que por aí vai, as ameaças, o azedume, a tristeza, as invejas, os abandonos, o mau perder e o mau ganhar que alguns revelam--de modo surpreendente e incoerente, mostram aliás, no seu conjunto, o carácter negro deste país, e vêm demonstrar as razões pelas quais não poderíamos nunca fazer melhor. Mas, este alarido, que ameaça tornar-se num fenómeno que ajudará a alimentar a "silly season" e que vai provocar certamente alguma azia, não vai, no final, servir de lição para nada, nem para ninguém.
Na primeira oportunidade lá teremos os dignitários empoleirados numa tribuna de um qualquer estádio e os atletas atentos, veneradores e obrigados a aceitarem pagar para que a gente se orgulhe muito deles... Ou nós é que pagamos para podermos zurzir neles quando não fazem aquilo para que a gente pagou, já não sei bem...
Um vaticínio final: antes da partida para Londres este filme já estará rebobinado e passará novamente, sem cortes nem alterações.
Aos sorrisos postiços e às cerimónias engalanadas que precederam a partida da "delegação" ameaça agora suceder-se a fase do lavar de roupa suja.
Os atletas terão algumas (algumas!) culpas no cartório. Pela forma como alguns, em certos casos, terão aparentemente encarado esta sua participação, por algumas declarações feitas e pela sua prestação objectiva. Mas, os atletas não têm valor nesta equação e o seu verdadeiro pecado é apenas um: são ingénuos em terra de espertalhões. Quando aqui há tempos denunciaram as condições miseráveis em que trabalham foram imediatamente tratados como se estivéssemos em regime de escravatura e aceitaram. Agora não se podem queixar.
Só o fascínio de poder ir assistir aos Jogos à borlex, num país distante e "exótico", poderá explicar a docilidade de uns quantos... Mas, as reacções veementes de uns quantos não iludem a realidade.
A verdade está noutra ponta deste novelo. Em Portugal os dirigentes desportivos portugueses são o que são, os "comités", as "ligas", as "federações", as "associações desportivas" e os "clubes" que "dirigem" são o que são e os responsáveis governamentais pela área desportiva têm tanta ideia sobre o papel que o desporto deve desempenhar na sociedade portuguesa como eu falo swahili...É pela voz dos próprios governantes, na circunstância, o inenarrável Secretário de Estado da Juventude e Desporto, que ficamos a conhecer a verdadeira natureza do poder. Ficamos a saber, pelo despropósito e profunda mesquinhez das suas declarações, em que mãos desgraçadamente nos encontramos. Este Secretário de Estado da Juventude e do Desporto provou, com estas declarações, que o seu corpo também já está há muito a pedir "caminha".
E depois há Portugal. Um país sem rumo, sem estratégia, reino do mais feroz egoísmo, dirigido por incapazes. Um país que é pasto de todos os oportunismos possíveis, que beneficiam da sacrossanta regra da vista grossa. Onde os que não sabem nos ensinam --nas escolas, nos orgãos de comunicação, etc-- e os que sabem, ou se baldam ou vão fazer a vidinha para outro lado. O país dos des-responsáveis!
O desporto não poderia pois, nestas circunstâncias, ser uma ilha. Não é um fenómeno que pudesse evoluir completamente à margem da realidade do país que somos. O que esperar então do desporto nacional quando a matriz de onde provém é esta? Recordes e medalhas? Tenham juízo...!
A "guerra" das declarações e contra-declarações que por aí vai, as ameaças, o azedume, a tristeza, as invejas, os abandonos, o mau perder e o mau ganhar que alguns revelam--de modo surpreendente e incoerente, mostram aliás, no seu conjunto, o carácter negro deste país, e vêm demonstrar as razões pelas quais não poderíamos nunca fazer melhor. Mas, este alarido, que ameaça tornar-se num fenómeno que ajudará a alimentar a "silly season" e que vai provocar certamente alguma azia, não vai, no final, servir de lição para nada, nem para ninguém.
Na primeira oportunidade lá teremos os dignitários empoleirados numa tribuna de um qualquer estádio e os atletas atentos, veneradores e obrigados a aceitarem pagar para que a gente se orgulhe muito deles... Ou nós é que pagamos para podermos zurzir neles quando não fazem aquilo para que a gente pagou, já não sei bem...
Um vaticínio final: antes da partida para Londres este filme já estará rebobinado e passará novamente, sem cortes nem alterações.
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