2008/02/02

"Fait-Divers"?

As recentes revelações do jornal "Público", sobre as alegadas incompatibilidades do deputado Sócrates em 1989, levantam algumas questões fundamentais que convém, desde já, clarificar: estamos perante um ataque do referido matutino ao actual primeiro-ministro, onde vale tudo, desde que o "alvo" a abater seja o "inimigo principal" do engenheiro Belmiro? Estamos perante um mentiroso compulsivo, que não olhou a meios para atingir os seus fins, numa época em que o escrutínio dos políticos era bem mais benévolo? Ou estamos perante uma investigação séria, que deve ser tomada como tal? E, se assim é, porquê Sócrates e não outros?
Mais do que as especulações que possam circular nos "mentideros" políticos e jornalísticos, seria bom que ambas as partes apresentem as "provas" de que dispõem para que estas possam ser avaliadas. Em última análise, alguém deve ter razão e só ganharíamos todos em perceber o que se passou, se é que alguma coisa teve lugar. De outra forma, criou-se mais um "fait-divers" em que o circo lusitano é demasiado fértil. Nada de novo, nesse campo, mas é bom que olhemos para a Lua, em vez de fixarmos a atenção no dedo que para esta aponta...

2008/01/29

Tapar buracos?!

Marcelo Rebelo de Sousa, esse verdadeiro oráculo de televisão, disse hoje na RTP 1 que o primeiro ministro tinha optado por uma operação de tipo tapa-buracos ao remodelar o executivo. E, dentro deste critério de tapar buracos, justificou a sua afirmação dizendo que a nova ministra da saúde entrava porque era difícil ser-se pior que Correia de Campos e porque era... uma senhora! Vamos ver se o primeiro ministro emite um comunicado a explicar isto tudo bem explicadinho aos portugueses.
O professor Marcelo já está como a sombra do Lucky Luke! Consegue disparar mais rápido que o pensamento...

Das Märchen de Emmanuel Nunes, 2ª parte

A novela, pelos vistos continua. Agora juntam-se novos personagens. Depois de ter lido declarações inconcebíveis de um colega compositor a propósito desta obra, antes mesmo da estreia, vejo agora novas vozes de outra gente chegada à área da cultura que se juntam ao coro. Vozes que, na minha opinião fariam melhor em guardar um silêncio, digamos, civilizado sobre esta matéria. O argumento agora é que a dose foi violenta e o prato servido terá sido iguaria demasiadamente requintada para os estômagos curtidos dos portugueses. Eufemismo para o vulgar "para quem é bacalhau basta..."
O assunto ainda sobe à Assembleia, vocês vão ver! Estou a ver a ministra a ser chamada à AR, as conferências de imprensa dos grupos parlamentares, a agitação a crescer, a conferência de líderes, quem sabe uma moção de censura, a crise parlamentar, o desconforto das chefias militares, uma nota da Presidência da República lida com ar solene às 20h do Palácio de Belém, e, finalmente, a convocação de eleições antecipadas. Os historiadores do futuro chamar-lhe-ão "A Märchenada"!
Olhem que não sou eu que estou a exagerar...

Air-Guantanamo

A notícia, divulgada por uma ONG britânica, sobre a passagem de 700 prisioneiros por território português, a caminho de Guantanamo, não deve surpreender-nos. As conclusões da Comissão Parlamentar Europeia, apresentadas pelo deputado Carlos Coelho em 2007, eram já indiciadoras da responsabilidade portuguesa nesta sensível matéria. Perante o silêncio cúmplice do govêrno, também Ana Gomes solicitou um inquérito ao PGR, que ainda está em curso. Independentemente do número exacto de prisioneiros e das conclusões do Procurador-Geral, é cada vez mais evidente a mentira que os sucessivos governos - de Durão a Sócrates - mantiveram sobre este assunto. Trata-se de saber se os EUA fizeram os "transportes" sem o conhecimento do governo português ou se o nosso governo sabia e calava. A justificação, dada por Luís Amado, de que não podíamos controlar o que se passava nas Lajes, não é sustentável. Então, "nós" não sabíamos e os ingleses sabiam? Uma mentira, pois. É relativamente à mentira que devemos indignar-nos e exigir que sejam dadas explicações.

2008/01/28

Das Märchen de Emmanuel Nunes

Parece que metade do público terá abandonado a sala a meio da estreia da ópera "Das Märchen" de Emmanuel Nunes. Pelo menos assistiram a meia ópera uma vez na vida! E, se calhar, um dia ainda vão meter isso no currículo...