2008/05/29

Ainda a revolução no MNE, o acordo ortográfico e o futuro do Português

Não sou fundamentalista da língua. A língua é um instrumento, sabe-se hoje muito bem, simultaneamente, de expressão e de formação do pensamento. O uso e o domínio da língua, de qualquer língua, não é um luxo. É vital para todos nós, como é vital o domínio do anzol para um pescador, ou da raquete para um tenista.
Mas, qualquer língua serve para isto.
Há dias o relatório de uma dessas comissões sobre a Língua Portuguesa dizia que o Português nunca poderá aspirar tornar-se uma língua da ciência ou do comércio. Temo que com acordos, mais ou menos mal amanhados, em torno da Língua Portuguesa, o uso e o domínio da língua sejam postos em causa. E temo que com esta atitude demissionária perante o papel do Português e com estas tentativas pífias de barbarização gratuita ou "crioulização" do Inglês --como é exemplo esta "reforma" caricata dos endereços electrónicos do MNE--, as novas gerações acabem por não usar nem dominar qualquer língua, a que devia ser sua ou a que é dos outros. Talvez no futuro os jovens portugueses grunham, simplesmente, para se exprimirem e se limitem a ter também pensamentos (mal) grunhidos...
Não tenhamos dúvidas: sem o domínio da língua, de uma qualquer língua, os jovens portugueses correm o risco de passar ao lado da vida e, muito provavelmente, até de si próprios. A visão é deliberadamente catastrofista, apenas para enfatizar o meu argumento.
Que diabo, levem isto (mesmo) a sério! Já que o Português não tem futuro, façam do Inglês a língua oficial dos PALOP! Mas, ao menos, criem condições para que o seu uso e o domínio sejam tão amplos quanto possível.

2008/05/28

Revolução no MNE

Antecipando a entrada em vigor e o começo da aplicação do Acordo Ortográfico, o MNE decidiu desde já passar os endereços electrónicos dos diplomatas para inglês... No prosseguimento da actual política, consta que até o nome do pessoal do MNE vai ter de ser mudado. O próprio ministro já começou por dar o exemplo e o Face divulga aqui, em rigoroso exclusivo, o seu novo endereço: louis_beloved@foreignminstry.pt.

2008/05/27

Avisos

Mário Soares publica hoje um artigo no DN no qual chama a atenção para o clima de crescente descontentamento e instabilidade que se vive no País e para os efeitos que a crise daí decorrente pode ter. Nada do que Mário Soares diz é verdadeiramente novidade. Todos os sentimos na pele, todos os dias e por todo o lado. Soares invoca com habilidade a crise internacional para justificar a crise, mas não deixa de apontar o dedo ao governo e às suas políticas para lhe traçar a sua causa primeira. E pelo meio deixa um recado aos seus correlegionários do PS: "quem vos avisa vosso amigo é..."
Um membro do governo já reagiu. Também não foi novidade o que disse. Contemporizador, mas num tom onde se adivinha uma ligeira arrogância, o ministro Mário Lino saudou a preocupação de Mário Soares, mas, diz, o governo não anda a dormir e não está à espera das análises dele para actuar.
O aviso ficou. Vamos num futuro certamente próximo ver se o governo andava afinal a dormir ou não, e vamos ver também, uma vez que, sabemo-lo agora, não espera pelas análises de Soares, pelo que espera então o governo...?

2008/05/26

Expressões perigosas...

Face aos aumentos contínuos que sofrem os produtos derivados desde o petróleo, à intransigência em diminuir os impostos que sobre eles incidem, o IVA, o ISP, até às portagens, aos selos, selinhos e outros impostos que incidem sobre tudo o que roda e sobre tudo onde se roda em Portugal, escondidos ou com o rabo de fora, é caso para pedir aos portugueses que deixem de usar a expressão "vão roubar para a estrada"!
É que a gente diz isso e eles, como se vê, vão mesmo!!