2010/04/16

Cosa Nostra

Quando, no pico da crise, o petróleo estava a 150 dólares o barril, o preço médio de um litro de gasolina em Portugal era de €1.40. Agora, que o barril está a menos de 90 dólares, o preço médio do litro de gasolina é de €1,40...
Bem se esforçou hoje, no Parlamento, o cada vez menos convincente ministro Vieira da Silva, a explicar que o governo está atento à cartelização dos preços e que por isso existe uma entidade reguladora.
Convinha que o ministro explicasse que o estado arrecada 60% de impostos por cada litro de gasolina vendido e que, por essa razão, quanto mais caro for o combustível, mais receita arrecada o governo.
Esta é a razão porque Portugal, um dos países com os salários mais baixos da União Europeia, paga uma das gasolinas mais caras da União. Estão a perceber o negócio?
Pensarão estes governantes que as pessoas são estúpidas?

Pobres povos que têm tais presidentes

Já não faltava termos de viver internamente, impotentes, sob a tirania do discurso do défice. Já não faltava que fossemos tratados como se existisse um "português genérico" capaz, por si só, de ser o causador de todas as catástrofes financeiras de que Portugal é vítima. Já não faltava que fossemos tratados como se depois de termos provocado a derradeira catátrofe financeira nos tivessemos todos pirado para um qualquer paraíso tropical, para beber água de côco e dançar o hula-hula, deixando os virtuosos do sistema aqui a pagar as nossas contas.
Agora tinha de vir o palerma do presidente checo manifestar, no papel de anfitrião, em cerimónia pública e de forma grosseira, a sua "apreensão" pelo défice português.
O Presidente da República Portuguesa ouviu e calou. Devia-lhe ter respondido que isto é um insulto ao povo português, mas que nós não vamos julgar o povo checo por ter dado o poder a um imbecil como o senhor Václav Klaus demonstra ser.

2010/04/14

O fordismo está de volta... pela mão da PSP!

O fordismo foi aquela ferramenta do capitalismo, tão bem retratado por Charlie Chaplin no seu aterrador filme "Modern Times", que consistia no uso de mão de obra desqualificada para produzir mais e mais barato. Colapsou em toda a linha. Este colapso explica aliás muitos dos problemas com os quais as sociedades contemporâneas se debateram ao longo dos últimos 30 anos e é um dos factores que contribui para a explicação da presente "crise".
Ora, numa altura em que o fordismo se transforma, mais e mais, numa relíquia da história dos povos, ei-lo que parece renascer por via da acção de uma entidade totalmente supreeendente: o Ministério da Administração Interna português!
Segundo o DN de hoje, "a Direcção Nacional da PSP estabeleceu números mínimos de multas, detenções, viaturas a bloquear e a rebocar, operações Stop, entre outras actividades, que devem ser atingidos pelos comandos de todo o País (...)
Um documento oficial do Comando Metropolitano do Porto, a que o DN teve acesso, define objectivos à exaustão. Cada divisão, Gondomar, Maia, Vila do Conde, Vila Nova de Gaia, Matosinhos, a 1.ª, 2.ª e 3.ª, e as divisões de trânsito, investigação criminal e aeroportuária, receberam as ordens escritas do intendente Abílio Pinto Vieira dos valores que devem atingir em 2010 na sua actividade operacional.
Tudo ao mínimo detalhe, desde o número de armas que deverão ser apreendidas - e que implica, obrigatoriamente detenções - ao número de arrumadores que devem ser autuados, passando, pelo número de testes de álcool, multas de trânsito e empresas de segurança privada que devem ser fiscalizadas."
Seria, como se costuma dizer, risível se não se tratasse de uma tragédia total.
Compreendem-se os objectivos. Trata-se de criar mecanismos para proceder à avaliação desta força policial. Até aí ainda se percebe.
O que já é mais difícil engolir é que os critérios de avaliação da actuação da polícia sejam determinados, não pela qualidade da sua intervenção (acções preventivas, por exemplo, com a proximidade e empenho que permitiriam diminuir actos e comportamentos que deveriam ser excepcionais e raros, puníveis com raro e excepcional rigor; a avaliação do grau de eficência da actuação das forças policiais quando são solicitadas a intervir; ou ainda a avaliação e a correcção das causas que levam a uma actuação ineficiente, por exemplo), mas por um desempenho desqualificado, de cariz marketing-contabilístico, em torno de factores cujo surgimento revela, ele próprio, amadorismo, e a total inépcia do seu papel e o das outras entidades que devem agir sobre estas matérias.
Digamo-lo com clareza: quanto mais armas, mais as multas de trânsito, ou mais testes de álcool a PSP efectuar mais se revela que não estão, nem eles nem as outras autoridades e organismos públicos, a actuar da forma e no momento mais adequados, parecendo antes quererem-se alimentar antropofagicamente dos podres da sociedade para justificarem o seu salário. Só fazendo previamente vista grossa a estes podres se pode depois vir pedir para actuar desta forma sobre eles.
Prevenir e não remediar, deveria ser este o lema da actuação da Polícia.
Há contudo uma avaliação urgente e necessária que esta medida, vá ela para a frente ou não, vem revelar como possível e absolutamente desejável: os "génios" que se lembraram disto deviam levar nota zero na sua própria avaliação!
Se o Ministro da Administração Interna não fizer já esta avaliação nós, cidadãos, cá estaremos para o avaliar a ele...

2010/04/13

Notícias do Taguspark

Afinal, parece que houve mesmo corrupção passiva. Pelo menos, foi essa acusação que o MP deduziu contra Rui Pedro Soares (o jovem quadro promissor da PT, lembram-se?), Américo Thomati e João Carlos Silva. Vá lá, ilibaram o Figo, pois ser "pesetero" não é necessariamente sinónimo de corrupção. Acontece cada coisa...