2025/05/03

Debates, Deportações, Eleições...

Terminaram os debates e vão começar as campanhas partidárias, vulgo "circo eleitoral". Uma "festa"!

Deste vez, não houve "25 de Abril" em São Bento, mas um "arraial em família", na residência do primeiro-ministro. Para abrilhantar o evento, agendado para o 1º de Maio (!?), convidaram o Tony dos plágios, personagem incontornável do "pimba" nacional. Dois em um, portanto.

Passam, este ano, 50 aniversários sobre o "25 de Novembro" e o poder já está em "ensaios gerais" para comemorar a efeméride. Para já, um "arraial", depois se verá... Talvez um desfile militar na Avenida da Liberdade, para lembrar que esta (a Liberdade) está "vigiada". Nas ditaduras, seria assim. Como nós somos um povo de brandos costumes, "embrulhamos" o 25 de Abril no 1º de Maio (há que poupar nas despesas...) e, com esse dinheiro, pagamos um "cachet" substancial ao "pimba".

Sobre os debates, propriamente ditos, pouco há a acrescentar. Vimos alguns e continuamos a duvidar da sua eficácia. A maioria dos votantes já decidiu o seu voto e dificilmente mudará de opinião. Restam cerca de 15% sem opinião formada (que não sabem ou decidiram em quem votar). Pode residir, neste grupo, a decisão final. A acreditar nas sondagens, realizadas nas vésperas do debate Luís Montenegro versus Pedro Nuno Santos, a AD estaria a afastar-se do PS, cerca de 7%... Resta saber se essa vantagem se mantém ou é suficiente para uma maioria absoluta. A confirmar-se esta tendência, só com os votos da IL (possibilidade avançada pela maioria dos analistas) isso seria possível, ainda que improvável. 

Continua a falar-se muito do Spinumiva e duas ou três questões (salários, saúde, habitação...), mas não se fala de outras, tão ou mais importantes, como a educação, a cultura, a imigração ou a mobilidade. A nível internacional, então, os debates foram de uma pobreza absoluta. Nem mesmo no principal debate, entre os líderes dos maiores partidos, ouvimos qualquer menção à guerra na Ucrânia, ao genocídio em Gaza, ao aumento orçamental proposto pela NATO, à guerra das tarifas de Trump ou às implicações de todas estas coisas, para Portugal! Como é possível? Continuamos provincianos e a viver numa "bolha" completamente desfasada da realidade. 

Acabados os debates e o "arraial", recomeçaram as acções de propaganda. A primeira, hoje noticiada, tem a ver com as inaugurações do governo demissionário: 24 no total! Ainda agora a "procissão vai no adro". Daqui até dia 18, outras se seguirão. O que não faltam são rotundas e jardins para descerrar lápides...

Finalmente, o ministro António Leitão Amaro veio à televisão mostrar o trabalho da AIMA (Agência para a Integração Migrações e Asilo). Disse o ministro (com um ar circunspecto) que, dos 400 000 processos pendentes há um ano, falta analisar 120 000. Dos analisados, foram invalidados 18 000 (por não cumprirem os requisitos). A AIMA está a notificar estes imigrantes, para informá-los que terão de abandonar o país no prazo de 20 dias. Deportados, portanto. Resta saber o que lhes sucederá, caso não cumpram a ordem. Ficam ilegais no país, vão para um país vizinho, ficam no espaço Schengen? Não sabemos. 

É extraordinário como esta gente que nos governa não tem a mais pequena ideia de como funciona a imigração. Limitam-se a seguir a "cartilha" de Trump e, dessa forma, tentar agradar à extrema-direita (que deseja a expulsão de imigrantes). Não se lhes ocorre, que vão necessitar dessa mão-de-obra mais à frente, pois, sem imigrantes, a economia colapsa. Só a Confederação dos Patrões, pediu ao governo celeridade nos processos, para contratar 120 000 trabalhadores para o sector da construção civil! Não falaram sequer do turismo, da agricultura ou dos serviços hospitalares e domésticos. Nesses sectores, a falta de mão-de--obra é tão ou mais premente. Uma tristeza, estes governantes criados nas "jotas", que andam em carros pretos de vidros fumados, conduzidos por "chauffeurs" do estado, sem a mais pequena ideia da realidade. Da realidade da imigração e não só. 

Continuamos a caminhar para um abismo e a orquestra a tocar. Como somos pobres (de espírito), nem sequer dinheiro para a orquestra temos. Contentamos-nos com um plagiador. Sempre é mais barato.