2025/06/14

Seis dias que não mudaram o mundo

ataque aéreo de Israel perto do Hospital Augusta Victoria

Em Junho de 1967, teve lugar a chamada "guerra dos seis dias".

Socorro-me da Wikipédia:

No final [desta] guerra, o Estado de Israel controlava toda a área que a ONU havia proposto para um estado judeu, bem como quase 60% da área proposta para um estado árabe, incluindo as áreas de Jaffa, Lida e Ramle, a Alta Galileia, algumas partes do Neguev, a costa oeste até a Cidade de Gaza e uma ampla faixa ao longo da estrada Tel Aviv-Jerusalém. Israel também assumiu o controlo de Jerusalém Ocidental, que deveria fazer parte de uma zona internacional para Jerusalém e seus arredores. A Transjordânia assumiu o controlo de Jerusalém Oriental e do que ficou conhecido como Cisjordânia, anexando-a no ano seguinte. O território conhecido hoje como Faixa de Gaza foi ocupado pelo Egipto.
As expulsões de palestinos, que haviam começado durante a guerra civil, continuaram durante a guerra árabe-israelita. Centenas de palestinos foram mortos em múltiplos massacres, como os ocorridos nas expulsões de Lida e Ramle. Esses eventos são conhecidos hoje como Nakba (em árabe, "a catástrofe") e foram o início do problema dos refugiados palestinos. Um número semelhante de judeus mudou-se para Israel durante os três anos seguintes à guerra, incluindo 260 000 que migraram, fugiram ou foram expulsos dos estados árabes vizinhos. (https://en.wikipedia.org/wiki/Six-Day_War#)

Eu tinha acabado de fazer 18 anos e lembro-me bem da reacção de alguns (poucos) amigos e conhecidos da altura, uns quantos, inclusive, que tinham continuado a « estudar », portanto, já na faculdade. Em vésperas, pois, do Maio de 68, da crise académica de 69, do II Congresso de Aveiro, etc., exultavam com a golpada dos israelitas e ficaram em puro êxtase com o "brilho" da operação militar. Tudo isto enquanto se preparavam, caninos, para se irem bater pelo império. Pormenor não menos importante: a imprensa oficial da altura (de um modo geral), em especial a RTP, que já tinha um enorme ascendente sobre a comunicação no país, seguiu este tom laudatório. 

Quase 60 anos depois, 51 anos depois do 25A e de, suposta, Democracia, continuamos na mesma. 

Convenhamos: algo falhou redondamente. 

2025/06/13

Eixos do Mal...

Baker Day atomic bomb

Pela segunda vez, no espaço de um ano, Israel voltou a atacar o Irão, argumentando tratar-se de um ataque "preventivo" (!?) para impedir aquele país de fabricar bombas nucleares no futuro. 

Obviamente que, este ataque (à revelia de todas as leis internacionais), foi concertado previamente entre o Netanyahu e Trump, o qual, esta semana, tivera conversações com o governo iraniano para conseguir uma solução diplomática para o conflito. Tanto quanto se sabe, as conversações entre os EUA e o Irão não tinham ainda terminado, pelo que é lícito supor que Trump jogou em dois tabuleiros, prometendo uma coisa e o seu contrário aos inimigos da região.  Ou seja, o presidente americano fez o papel de "polícia bom", enquanto Netanyahu, o de "polícia mau". A táctica do pau e da cenoura. 

Se dúvidas houvesse sobre o verdadeiro "eixo do mal" (não confundir com o conhecido programa televisivo) ele está bem patente na aliança entre os governos (para-fascistas) dos EUA e de Israel, que continuam, impunemente, a pôr o Mundo a ferro e fogo. 

Já a Europa, sem liderança, limita-se a emitir comunicados inócuos, que mais não representam do que a sua total incapacidade de influir o que seja, no Mundo actual. 

Não é para admirar: com políticos medíocres como Von der Leyen, Kallas ou Costa (o cavaleiro de triste figura) a União está entregue a negociantes de armas, que justificam o aumento da contribuição para a NATO, como forma de "prevenir" uma guerra, para a qual não haverá "kits" de sobrevivência que cheguem...

 

 

 

2025/06/12

10 de Junho: o dia da "raça" está de volta...

Discurso de Lídia Jorge nas comemorações do 10 de Junho em Lagos (na  íntegra) - Sul Informação

Dois acontecimentos dominam as discussões e opiniões escritas esta semana. 

O primeiro, cronologicamente o mais badalado, foi o discurso de Lídia Jorge em Lagos. Já toda a gente teve tempo de o ler e comentar, sendo o seu elogio quase unânime. Através de Camões (et pour cause) a escritora utilizou a obra do poeta, para enaltecer as nossas virtudes e defeitos, através da História. Houve quem visse, naquele texto,  uma apologia do colonialismo de miscigenação (!?) e, até, um pedido de desculpa aos povos escravizados. (!?). Nada disso. Tratou-se, e bem, de desconstruir a ideia da "raça pura" construída pela ideologia do Estado Novo e, mais recentemente, recuperada pelo partido fascista no parlamento. Não perceberam nada do que foi dito ou, o que é pior, não quiseram perceber. Burros velhos não aprendem línguas. 

Porque o tempo não pára, no mesmo dia em Lisboa, um grupo de energúmenos agrediu diversos actores da companhia de teatro A Barraca, tendo um dos actores sido esfaqueado e recebido tratamento hospitalar. Resta acrescentar que, o bando de criminosos responsável por tal acto, é conhecido da polícia como pertencente ao movimento neonazi "Blood and Honour", com ramificações internacionais. Estes dados são conhecidos da polícia. 

Não há surpresas aqui. A extrema-direita (fascista) está em crescendo em toda a Europa e era uma questão de tempo até chegar a Portugal. Todas as "modas" chegam sempre mais tarde. Se em países mais desenvolvidos (e supostamente mais cultos) os movimentos fascistas chegaram ao poder (Itália, Países-Baixos, Áustria, Suécia...) porque é que não podiam cá chegar? 

Somos um país semi-analfabeto (42% de iliteracia funcional); pindérico (2 milhões de pessoas a viver abaixo da fasquia de pobreza, calculada em €672/mês); com níveis de corrupção generalizados (a começar pelo primeiro-ministro actual); "crente" (o Chega é uma "igreja" e Ventura o tele-evangelista de serviço); logo, estavam reunidas todas as condições para a chamada "tempestade perfeita". Foi agora e vai, provavelmente, piorar. 

Como se explica que a polícia conheça as imagens dos agressores dos actores de "A Barraca" (eu vi-as na TV) tenha identificado o agressor (que esfaqueou Adérito Lopes) e o tenha deixado sair em liberdade? E onde estão os protestos dos partidos dito democráticos, a começar pelo PS? A única explicação é a polícia estar infiltrada pelos fascistas do Chega (o sindicato "zero" é afecto aquele partido) e o restante corpo policial não ser respeitado, como sublinhou um especialista em segurança nacional... 

Ora, como sabemos, a criminalidade é maior num estado que seja fraco. Quanto mais desordem, melhor. O caos, é o "caldo" ideal para repressão. É nele, que germinam os "salvadores da pátria" e os demagogos como Ventura. Está em todos os livros sobre a matéria. Só não sabe quem não quer.