2024/11/13

O governo X

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Soube-se hoje que Elon Musk e Vivek Ramaswamy, um antigo candidato presidencial republicano, foram nomeados por Donald Trump para liderar um "Departamento de Eficiência Governamental", uma entidade que, como Trump fez questão de precisar, irá operar "fora dos limites do governo,"  abrindo “o caminho para que o meu governo desmantele a burocracia governamental, reduza o excesso de regulamentações, corte gastos desnecessários e reestruture as agências federais”.

A Forbes, essa Variety do mundo da multimilionaridade, diz que, ao dia de hoje, Musk é o homem mais rico do mundo, com uma fortuna avaliada em 308,1 mil milhões de dólares. Vai fazer parte desta entidade que irá operar fora dos limites do governo, para cortar excessos. Esperemos que se entusiasme e corte o excesso obsceno que constitui a sua fortuna pessoal. 

Os outros multimilionários (só as fortunas dos 10 primeiros totalizam 1817,2 mil milhões de dólares), que fazem parte da lista da Forbes, de acordo com os critérios que norteiam a sua elaboração, não deixarão, certamente, de estar atentos e vão querer intensificar a sua legítima luta por um corte equitativo de excessos, fora dos limites dos respectivos governos. Dispõem agora deste modelo dos "Departamentos de Eficiência Governamental", que se vai, certamente, revelar muito útil. Não se percebe por que razão ninguém se lembrou disto antes e esta gente teve de sofrer tanto tempo, tantos vexames e injustiças, sendo obrigada a conviver com tantos excessos e sendo, por vezes até, vítima de alguns governos, que, para sua desgraça, procuraram operar dentro das margens.

E para que não se diga que não há democracia e falta de oportunidades neste mundo da multimilionaridade, o mutimilionário nº1, Musk, vai ser chefiado pelo multimilionário nº 587, Trump. Cuja fortuna, refira-se, por curiosidade, até está abaixo daquela da muito nossa família Amorim, nº 582, que, esperamos, não deixe de participar também na cruzada. 

Para Marte, em força!

Os acontecimentos de Amsterdão (ou o "mantra" do anti-semitismo)

r/Amsterdam - The Portuguese Synagogue in Amsterdam, illuminated with 1000 candles for the Museum Nacht 🤩
Sinagoga Portuguesa de Amesterdão

Muito se tem falado, por estes dias, sobre os recentes motins em Amesterdão, por ocasião do jogo de futebol entre o clube local (Ajax) e o clube israelita (Maccabi Telaviv), a contar para a Champions League.

Após a indignação geral, causada pela violência inusitada entre adeptos dos dois clubes (onde a acusação de antissemitismo foi a mais citada) começaram a ouvir-se declarações e a dispôr de imagens, que permitem ajuizar com alguma distância o que realmente se passou. E o que se passou, não abona em favor das manifestações dos adeptos israelitas, conhecidos internacionalmente pela violência verbal e física em situações análogas, com está amplamente documentado. No entanto, as primeiras reacções aos acontecimentos nos Países-Baixos (e nos media internacionais) foi a de condenação imediata de uma das partes, no caso a perseguição aos adeptos israelitas após o jogo.

Convém lembrar que o "complexo de culpa" de muitos holandeses, pelo colaboracionismo com a ocupação nazi durante a 2ª guerra mundial, explica muito do apoio governamental à comunidade judaica da cidade (implícito no pedido de desculpas do rei ao governo israelita, logo após os motins da passada semana, ao declarar que os holandeses tinham "falhado o apoio aos judeus, pelas segunda vez"...),

Acontece que a prática dos sucessivos governos israelitas (desde 1967) não deixa margem para dúvidas, no que à estratégia sionista diz respeito: a ocupação permanente de territórios palestinianos, após a "guerra dos seis dias". O aumento constante dos colonatos na Cisjordânia, nos Montes Golã e na própria cidade de Jerusalém, é disso o mais claro exemplo. 

No entanto, e após anos de informação unilateral, a opinião pública neerlandesa parece estar a mudar. Basta consultar a imprensa de referência dos Países-Baixos e os inúmeros vídeos que circulam pelas redes sociais, para constatar que há duas versões distintas dos acontecimentos em Amesterdão: foram os adeptos do Maccabi Telaviv, ainda antes do jogo, que começaram com as provocações (nas palavras do comissário da polícia Holla, em conferência de imprensa) seja através de palavras de ódio contra a população árabe, seja pelo derrube de bandeiras palestinas no centro da cidade ou por ataques a taxistas que recusaram transportá-los.

Que, após o jogo, tenha havido uma contra contra-manifestação e perseguições aos adeptos israelitas, por parte dos apoiantes do Ajax, não desculpa de modo nenhum o anti-semitismo implícito nessas acções. Ambos os actos devem ser condenados, os dos adeptos israelitas e os dos contra-manifestantes. Para que fique claro. 

Só que, o "mantra" do anti-semitismo, começa a ser uma desculpa curta para o estado (sionista) de Israel, agora que a recente guerra em Gaza não desculpa a limpeza étnica levada a cabo contra a população palestina. Até porque, os árabes, também são semitas. Não perceber isto e querer confundir tudo, é não perceber nada do que se está a passar.