2014/08/19

Duas semanas noutra cidade (2)


Um dos lugares mais refrescantes e tranquilos de Amsterdão é o Jardim Botânico. Para quem deseja fugir à verdadeira "Disneyland" em que se tornou o centro histórico da cidade, invadido por milhares de turistas durante todo o Verão, este é um lugar a visitar. O Hortus Botanicus Amsterdam é um dos mais antigos jardins botânicos do Mundo. No jardim e nas estufas encontram-se nada menos do que 4.000 espécies de plantas originárias de todos os continentes. Originalmente criado em 1638, após a epidemia de peste que assolou a cidade, com o nome de Hortus Medicus, albergava à época um jardim de ervas medicinais. Médicos e farmaceuticos aprimoravam ali os seus conhecimentos sobre as ervas medicinais. As ervas eram, então, a principal fonte de medicamentos. Nos séculos XVII e XVIII os navios da Companhia Holandesa das Índias Orientais (VOC) trouxeram plantas ornamentais e especiarias exóticas ao Hortus. Ainda que relativamente pequeno (1,2 ha), a sua riqueza em plantas é enorme. O jardim e as estufas representam sete climas diferentes. A colecção contém somente espécies de plantas naturais e é cientificamente gerada, mediante o intercâmbio de sementes com outros jardins botânicos. 
No lago exterior, aquecido, floresce no Verão a rainha dos nenúfares, a "Victoria Amazonica", que é desde 1859 o ponto culminante da colecção de plantas do Hortus. Porque o acontecimento é publicitado no "site" oficial do Jardim, quis o acaso que, no dia da nossa chegada à cidade, estivesse previsto um dos florescimentos deste ano. Lá fomos, eram 22.30, hora prevista para o desabrochar da Victoria. Nessa noite os portões estavam abertos à população e eram centenas os curiosos que, como nós, se deslocaram ao Hortus. A flor do nenúfar surge ao cair da noite e dura normalmente cerca de 24h, após o que desaparece. Este ano, já tinham florido 10 exemplares, rigorosamente registrados num quadro ao lado do lago e onde uma especialista do Jardim nos guiou através das suas detalhadas explicações. Um verdadeiro acontecimento.  
Outra das atracções, num país de apreciadores de cerveja, é a prova das ditas nos locais próprios, as famosas "bierbrouwerijen" (fábricas de cerveja) das quais existem diversas fábricas artesanais. Esqueçam a "Heineken", a "Amstel" e a "Bavaria", marcas com as quais os portugueses estão familiarizados, e que são aqui meras cervejas de supermercado. 
Se querem provar o que é bom, dirijam-se à Brouwerij't Ij, situada na zona Leste da cidade, não muito longe do Museu Marítimo. É identificável através de um alto moinho de vento, dos poucos que ainda existem em Amsterdão.
Uma vez lá chegados, a dificuldade reside na escolha. Para os iniciados,  recomendamos a Plzeñ (5º) feita a partir de malte de trigo, com aroma de lúpulo e ervas aromáticas. O seu nome deriva da cidade de Plzeñ na Checoslováquia, onde teria surgido a cerveja a copo (pils) original. A minha preferida é a Ijwit (6,5º), uma cerveja branca de malte de trigo. De resto, a palavra "wit" é o antigo termo usado para trigo. Para os apreciadores, a Zatte (8º) é uma prova imperdível. Foi a primeira cerveja saída da fábrica (criada em 1985) e tornou-se um clássico. É uma "tripel", de acordo com a classificação belga dada às cervejas "blonde" mais fortes. Para os mais ousados,  a I.P.A. (7º), uma cerveja "blonde" escura de sabor a lúpulo, ou uma Struis (9º), cerveja de cevada ao estilo inglês, são alternativas a provar. Não esquecer, para acompanhar, o "Old Amsterdam", um queijo bem curado, ligeiramente salgado, ou uma enguia fumada, pois uma boa cerveja biológica exige aperitivos à altura. Um verdadeiro templo de cerveja, a Brouwerij't Ij, que pode ser visitada, individualmente ou em grupo, desde que feitas as marcações com antecedência.        

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