2011/11/21

Corrupção: a dimensão do problema

O programa da TVI24 Olhos nos Olhos abordou o tema da corrupção no nosso País. O programa contou com a presença de Paulo Morais da associação Transparência e Integridade. Ficámos a saber que em Portugal, apesar dos 37 anos de regime democrático, da separação de poderes e da proliferação de organismos fiscalizadores de toda a ordem, a corrupção aumentou. Ficámos a saber de leis que geram favorecimentos nas grandes negociatas com o Estado, como se fazem e quem as faz. "As leis são deliberadamente confusas (...), feitas por escritórios de advogados a que pertencem os deputados que depois as votam," afirmou Paulo Morais. "A crise está ligada à corrupção, não tenho dúvida," afirmou ainda. "A constituição do BPN é matéria que devia ser investigada de alto a baixo," acrescentou.
A gente ouve tudo aquilo, pasma e interroga-se. Como é possível termos chegado a este ponto? Como é possível que isto se tenha tornado num fenómeno quase banal? Como é possível que, tendo em conta os mecanismos de que, apesar de tudo, dispomos para combater esta chaga, não exista em Portugal um único condenado por corrupção? Como é possível que estas denúncias, feitas assim publicamente, de forma directa e clara,  não suscitem reacções oficiais imediatas dos órgãos com responsabilidade directa nesta matéria?!
Como é possível que tenhamos pobres, "novos pobres", Banco Alimentar, Misericórdias, Igreja, etc, etc, a distribuir os restos dos ricos (enriquecidos à custa de toda esta situação nojenta) e estes à solta, enquanto chafurdam na gamela da corrupção, rindo-se certamente de tudo isto, e, quem sabe até, contribuindo, para assim disfarçar ou calar as suas más consciências...? Como é possível ouvir certas figurinhas do Estado dizer que aí vêm tempos piores e "futuros pobres" sem lhes ouvir antes falar de uma iniciativa sequer para acabar com este escândalo, uma das causas principais da crise? Como?!!

8 comentários:

Rui Mota disse...

O Paulo Morais, que foi braço direito do Rui Rio no Porto, sabe do que fala. Até escreveu um livro sobre o assunto.
No mesmo programa, ele referiu a posição de Portugal nos "ranking" do desenvolvimento e no "ranking" de transparência. Curiosamente, ou talvez não, no primeiro caímos para o 41º lugar e no segundo subimos para o 32º...
Com índices destes, não há regime ou economia que resistam!

Carlos A. Augusto disse...

Ficam de tudo o que foi dito três notas importantes. Por um lado, como o Rui sublinha, corrupção e desenvolvimento evoluem em proporção inversa. Por outro lado ainda, há quem saiba como a vigarice monumental em que se transformou o nosso país funciona e, finalmente as denúncias vêm sendo feitas, através deste e de outros meios.
Não se pode ser mais claro e não se pode dizer que se ignora.

Anónimo disse...

Medina Carreira neste programa, também afirmou que há politicos sérios... se os há deveriam ser eles a fazer alguma coisa a denunciar em conjunto esta situação e a tomarem medidas no seu circulo de poder para combater tudo isto...conclusão: ou já fugiram todos ou o Medina está enganado e não são tão sérios como isso.

Carlos A. Augusto disse...

O MC também destacou o Cravinho e o facto de ter sido expatriado. Mas eu creio que de facto já há gente demais "habituada" a tudo isto. Por outras palavras, temo que já tenha entrado no ADN do homos portucalensis...

Rui Mota disse...

Essa do Cravinho ter sido "expatriado" tem-lhe valido um boa imagem. Mas, não sabia ele, de antemão, da sua nomeação no BEI?
Se lhe ofereceram um "exílio dourado" para ele se calar, porque é que aceitou?
P.S. Acabo de saber que o homem da Goldman Sachs (António Borges) vai substituir o Cravinho em Londres...

Carlos A. Augusto disse...

Tens toda a razão Rui. Há muito mais espinha dobrada por aí. A carne é fraca...

José Pedro Lorena disse...

"Follow the money", neste caso, "not the woman". Se não não for assim, não vamos lá...

Carlos A. Augusto disse...

Entre a corrupção, as obras com desvios colossais e os salários dos gestores de empresas públicas (que recebem prémios por aumentarem os défices dessas empresas) chegaríamos certamente a uma boa base de entendimento com a troika... Mas, vá-se lá perceber porquê, os tugas parece que preferem premiar os gandulos.