2011/08/28

Os ricos, esses pobres...

Os ricos andam numa "fona".
Depois do americano Warren Buffet (que paga 17% de impostos!) e dos "capitães da industria" francesa (do L'Oréal ao Citroën), já tivemos os italianos de Berlusconi e, hoje mesmo, os austríacos ricos. Todos querem ser taxados! Só Zapatero, certamente a pensar nas próximas eleições, deu o dito por não dito e recuou nas intenções de aumentar a taxa fiscal. Entretanto, em Portugal, o governo faz um compasso de espera para "estudar o assunto", mas, depois das declarações de Cavaco, dificilmente deixará passar esta oportunidade em querer parecer mais "social"...
Há, claro, os renitentes: à cabeça, o Amorim que "não é rico, mas trabalhador" e o homem da Jerónimo Martins, que criou um fundo de apoio para os trabalhadores daquela cadeia de supermercados a viver com dificuldades (!?).
Engraçado é ver os especialistas da matéria na SICN (ontem, um conhecido fiscalista e a directora da revista Única do "Expresso") a alertarem para o "perigo" das grandes fortunas poderem fugir de Portugal (como se essa não fosse já a realidade dos grandes grupos económicos portugueses).
De acordo com uma investigação levada a cabo pelo "Público", os vinte maiores grupos económicos em Portugal têm 74 sedes no estrangeiro. A Holanda é um dos países preferidos e, só em Amsterdão, têm sede fiscal: o BCP, a PT, a Sonaecom, a EDP, a Cimpor, a Brisa, a Sonae Industria, a Galp, a Mota-Engil, a Semapa e a Portucel...
Tudo gente trabalhadora e patriota, como é bem de ver!
Ou seja, se os pobres protestam, os ricos vão-se embora e, para estes não "fugirem", os pobres devem contentar-se com o que têm. Ou seja, nada. Como não têm nada, devem estar muito agradecidos pelo facto dos ricos quererem ser taxados. Se não fossem os ricos, nem essa ajuda recebiam.
Não é de admirar que os pobres andem cada vez mais baralhados. Quando a "esmola" é grande...

2 comentários:

Carlos A. Augusto disse...

De facto até nisto Portugal é um país sui generis. Os ricos aqui são os trabalhadores e os pobres são os exploradores.
Também não deixa de ter graça de facto ver os ricos-trabalhadores a largarem sentenças por tudo e por nada, a exigirem tudo e mais alguma coisa do sistema, a manipularem, a conspirarem em nome dos valores pátrios, para depois, na hora da verdade, irem depois registar as suas empresas lá fora e fazerem viajar para outras pátrias os seus impostos. O negócio é feito aqui (cá o "mercado" é mais de feição...) mas o imposto emigra.
O rico-trabalhador português é assim: na hora da verdade pira-se! Foi assim no 25 de Abril. Não tiveram coragem de assumir os seus valores. Agora não precisam de fugir fisicamente mas dão fuga aos impostos devidos ao Estado.
Pobres meninos ricos!

Carlos A. Augusto disse...

Já agora, a propósito deste tema, recomendo a leitura desta deliciosa crónica do Manuel António Pina que vale a pena.