Descobri-o nos anos sessenta, numa sessão do ABC Cine-Clube, em Lisboa. O filme era "O Sétimo Selo". Uma revelação que permaneceria na memória por largos meses. A partir de então, não perdi nenhum dos seus filmes, estreados em Portugal: "Morangos Silvestres", "A Fonte da Virgem", "Sorrisos de uma noite de Verão", "Monica e o Desejo", quase todos eles "mutilados" pela censura. Anos mais tarde, já no estrangeiro, revi toda a sua obra na Cinemateca de Amsterdão. A confirmação de um cineasta de excepção. Curiosamente, sempre que dele falava aos seus conterrâneos, diziam-me que só filmava problemas suecos...
Por diversas vezes anunciou abandonar o cinema para dedicar-se ao teatro (a sua outra grande paixão) mas regressava sempre com filmes, se possível, melhores do que os anteriores: "Cenas da Vida Conjugal", "Fanny & Alexander", "Depois do Ensaio" e esse extraordinário "Saraband", derradeiro testamento de uma obra ímpar.
Na última entrevista que dele li, falava com carinho das suas mulheres-artistas e do clã de amigos de que se rodeava na ilha de Farô, onde possuia uma casa. Sobre a morte, dizia que tinha um "pacto" com o amigo e artista fétiche Erland Josephson: "Quando um de nós estiver senil, o outro deve ajudá-lo a morrer".
Não sei como morreu. A notícia chegou hoje, neutral e fria como um Verão escandinavo. Bergman pode ter partido, mas os filmes permanecerão sempre como prova maior da sua genialidade.
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