Vejo a televisão e sou confrontado com duas notícias, aparentemente, antagónicas:
Enquanto Sócrates, acompanhado do ministro de finanças, anuncia em directo a redução do "déficit" para 7,3% (cumprindo, assim, os objectivos do Orçamento para 2010), a mesma estação televisiva passa em roda-pé a notícia de que o Banco de Portugal prevê uma recessão da economia portuguesa em 2011, com recuo de 1,3% do PIB e um crescimento (negativo) de 0,6% em 2012.
Ou seja, apesar da relativa melhoria do "déficit" no ano transacto, a economia não crescerá o suficiente em 2011, nem em 2012. Isto quer dizer que haverá menos emprego, menor consumo e mais desemprego. Logo, maior recessão. Podemos, pois, antecipar maior "déficit" no ano corrente, a menos que sejam contraídos novos empréstimos no estrangeiro.
Ora, como sabemos, os empréstimos dependem, entre outras coisas, das notações das famigeradas "agências" que, em última análise, acabam por influenciar a taxa de juro a aplicar pelos credores internacionais. Os juros aplicados a Portugal rondam os 7,3% nos dias que correm.
Gostaria que alguém me explicasse como vai ser isto possível. Por outras palavras, como é que o governo português, com estes indicadores, poderá a prazo evitar a entrada do FEE e do FMI em Portugal, coisa que os nossos governantes teimam em negar?
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