2011/01/12

Embandeirar em arco e em flecha

Não deixa de ser curioso observar as reacções dos candidatos à presidência ao leilão de obrigações de hoje. Alegre declara-se satisfeito, Cavaco diz que não devemos embandeirar em arco. De facto, pensava eu, se a estratégia de combate à "crise" correr bem e o governo levar a melhor nessa sua estratégia o que fica da argumentação do candidato Cavaco que justifique a sua recandidatura?
Não sei se já repararam, mas toda a estratégia deste homem assenta no falhanço do governo, no aprofundamento da crise e no afundanço final de Portugal. A tal "reserva" é isto: enquanto espera que tudo vá ao fundo ele "reserva-se" o direito de aparecer como o salvador da pátria. Onde é que já se ouviu isto?
Se falhar o tal afundanço não resta nada do "pensamento político" do candidato. Cavaco parece um verdadeiro abutre olhando a crise à espera de lhe chupar as carnes.
Aqui há uns anos, nos tempos em que Cavaco era primeiro ministro, alguém (se não me engano, o Miguel Urbano Rodrigues) distinguia nele traços de ditador. Na altura, para alguns, essa leitura foi classificada como apressada e exagerada. Creio que está hoje mais que provada a sua justeza. Cavaco embandeira em flecha.

1 comentário:

Rui Mota disse...

Cavaco começou a perder o pé nos debates, mas os oponentes não foram suficientemente assertivos para o encostar à parede. Faltou o conhecimento técnico para o derrotar no seu próprio terreno: as finanças e a economia. Os ataques ao carácter (que eram justos) acabaram por cansar a opinião pública e voltaram-se contra os seus críticos. Ele estará sempre numa posição confortável, pois argumentará que, em tanto que presidente, não podia intervir, mas que "avisou". Com a reeleição assegurada, pode prometer o que quiser. Com a descrença que para aí vai, o povão quer um "salvador" e alguém que seja "sério". Quem, melhor do que ele, incarna tal personagem? É dos livros.
O pior é que chegámos aqui, devido às políticas erráticas e esbanjadoras de um governo autista e nepotista, mais preocupado com as clientelas do que com o país. Agora, é tarde.